Comprar ou vender?

Brava (BRAV3): Por que ação só cai na bolsa; oportunidade ou cilada?

20 set 2024, 12:19 - atualizado em 20 set 2024, 17:33
Brava - Petróleo
Empresa guarda grande potencial (mas também, grandes riscos) (Imagem: iStock/Joa_Souza)

A Brava (BRAV3) estreou na bolsa em 9 de setembro, após a fusão entre 3R e Enauta. O movimento foi saudado por analistas e investidores, que viram nascer uma empresa com capacidade de produção que a coloca ao lado da Prio (PRIO3), mas com um preço bem mais atrativo.

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No entanto, o que se viu nessas últimas semanas foi uma perda de valor que chega a 16%. De nove pregões, a empresa fechou no vermelho em seis. O problema é que a petroleira deu azar de estrear em meio a duas notícias negativas.

  • paralisação do campo Papa-Terra, o maior da companhia;
  • fraqueza do petróleo;

Nesta sexta-feira (20), o papel fechou em queda de 3,76%, a R$ 18,18.



Mas para analistas, esse é um mau-humor temporário. De acordo com a Genial, vender o ativo agora, nesses níveis de preço e em meio ao atual fluxo de notícias, é um erro. Isso porque a empresa terá importantes gatilhos pela frente. A corretora lista:

  • entrada operacional do FPSO do Campo de Atlanta ainda em 2024, o que pode adicionar pelo menos 20-25k bpde vs produção de c. 56k bpde em agosto pela empresa como um todo);
  • anúncio da apropriação de sinergias;
  • retorno operacional de Papa-Terra em dezembro/24;
  • e possível interesse em desinvestimentos anunciado pelo novo CEO;

A Genial vê a BRAV3 negociando 4x EV/Ebitda (valor da firma sobre resultado operacional) para os próximos 12 meses (sem considerar a entrada operacional da FPSO Atlanta e o incremento de volume esperado e sinergias derivados da fusão das duas empresas) e EV/2P (valor da firma sobre campos de petróleo comprovados) de US$ 4.

Para fins de comparação, PetroReconcavo (RECV3) e Prio negociam US$ 5/2P e US$ 10/2P, respectivamente.

Os analistas dizem, porém, que se a empresa guarda grande retorno, do outro lado da balança, possui grandes riscos.

“Temos exposição de 2% na carteira exatamente por julgarmos um case cuja tese ainda precisa se provar para uma exposição mais expressiva em nosso portfólio”, discorre.

Entre os pontos negativos, a Genial cita:

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  • produção: maior percepção de risco do case da Brava diz respeito a produção de seus ativos;
  • custo de extração: devido à produção claudicante, a empresa não consegue diluir seus custos de maneira apropriada;
  • dívida, plano de investimentos e preço do Brent: com uma curva de produção oscilante, outro risco relevante é a queda expressiva do preço do brent.

O que dizem outros analistas sobre Brava?

Em relatório publicado na última quinta-feira (19), o JPMorgan diz que a companhia é uma opção de turnaround descontada, aliando um potencial orgânico atrativo com um balanço patrimonial mais sólido para explorar as melhores oportunidades.

“Vemos a Brava Energia como uma empresa mais diversificada entre as juniores brasileiras, mas também com maior risco operacional no desenvolvimento de campos maduros”, destaca.

O preço-alvo é de R$ 42 para dezembro de 2025, negociada a 2,1x o EV/Ebitda, o que abre potencial de alta de 133%.

Para o Safra, se o investidor tiver paciência, poderá pegar uma pernada de alta de 84% nas ações, considerando os preços de ontem. A recomendação é de compra e o preço-alvo de R$ 35, conforme relatório divulgado na última terça-feira (17).

Segundo Conrado Vegner, as ações da Brava são negociadas a um preço muito atraente de 2 vezes o EV/Ebitda para 2025 e prestes a se tornar um importante ator independente no setor de petróleo e gás da América Latina.

“Com um portfólio diversificado e 500 milhões de boe de reservas comprovadas, esperamos que a sua produção exceda os 110 mil boed nos próximos anos, o que deve impulsionar o seu fluxo de caixa livre”, coloca.