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Braskem: O que esperar da ação que disparou mais de 150% em 2021

14 dez 2021, 9:05 - atualizado em 14 dez 2021, 9:05
BRKM5 Braskem Petroquímico
Aos poucos, Braskem está arrumando a casa (Imagem: Divulgação/Braskem)

Os esforços da Braskem (BRKM5) em reestruturar suas operações têm levado o mercado a dar um voto de confiança na ação, tanto que ela é o ativo com a maior valorização em 2021.

Neste ano, o papel da petroquímica disparou 157,7%, liderando as altas do Ibovespa — no período, o principal índice da bolsa caiu 6,3%. 

A ação da empresa apresentou esse desempenho apesar dos “entraves” encontrados ao longo do caminho, como o afundamento do solo em Maceió (AL) e a suspensão temporária das atividades no México por interrupção no transporte de gás.

Indenizações em Alagoas

A Braskem mostra que, aos poucos, está arrumando a casa. A companhia fechou no fim do ano passado um acordo com autoridades para reparação socioambiental e compensação dos moradores de bairros afetados pelo afundamento do solo em Maceió, ocasionado pela extração de sal-gema, e considerados de risco pelo Mapa da Defesa Civil.

A Braskem continua implementando as ações estabelecidas nos acordos. De acordo com a última atualização do site da petroquímica, mais de 14 mil imóveis entraram no mapeamento da área para desocupação e monitoramento. Destes, 13,9 mil foram desocupados. Das 10,4 mil propostas de indenização apresentadas, a Braskem pagou aproximadamente 7,6 mil.

Operações no México

Os desentendimentos com o governo do México foram outro contraponto na história da empresa.

No fim de 2020, a Braskem Idesa, formada pela junção da Braskem com a petroquímica mexicana Idesa, anunciou que estava paralisando as atividades no Complexo Petroquímico do México depois de ser notificada pelo Centro Nacional de Control del Gas Natural (Cenagas) sobre a interrupção do transporte de gás natural.

Na ocasião, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que não renovaria o contrato de fornecimento de gás natural para a Braskem Idesa. Em março deste ano, a Braskem assinou um acordo com o governo do México para retomar o fornecimento de gás.

A situação deu uma reviravolta no fim de setembro, com a Braskem Idesa assinando um aditivo ao contrato de fornecimento de etano com a Pemex, empresa estatal do México, com quitação de pendências contratuais anteriormente existentes.

A companhia fechou um convênio com entidades governamentais do México, entre eles a Pemex, para a construção de um terminal de importação de etano, com capacidade todas as necessidades de matéria-prima da Braskem Idesa.

O aditivo altera o volume mínimo que a Pemex vai fornecer para a Braskem Idesa para 30 mil barris de etano por dia até (i) a entrada em operação do terminal de importação de etano, prevista para o segundo semestre de 2024 ou (ii) fevereiro de 2025 (com possibilidade de extensões), o que ocorrer primeiro.

O aditivo também estabelece direito de preferência para a Braskem Idesa adquirir todo o etano que a Pemex tiver disponível e que não tenha consumido no seu próprio processo produtivo até 2045.

De volta ao lucro

Trabalhador em frente a tanque da Braskem em Maceió
Impulso originado pelos spreads fez com que a Braskem atingisse no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 3,5 bilhões (Imagem: REUTERS/ Amanda Perobelli)

Na avaliação de Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA, o ambiente positivo para os negócios da companhia em 2021 foi um fator determinante para a disparada das ações, com o aumento dos spreads internacionais de seus produtos levando a claras melhorias nos resultados trimestrais.

O impulso originado pelos spreads fez com que a Braskem atingisse no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 3,5 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,4 bilhão registrado no mesmo período de 2020.

A administração da Braskem sinalizou o início do movimento de normalização dos spreads, o que, em um primeiro momento, assustou os investidores – basta ver que a ação despencou logo após a divulgação dos resultados, apesar da reversão do prejuízo.

Nishimura destacou, no entanto, que a ação da Braskem já precifica a expectativa de mais queda para o spread petroquímico nos próximos meses.

Próximos passos

Se 2021 foi cheio de acontecimentos para a Braskem, o próximo ano promete ser o “divisor de águas” para a companhia, visto que tanto a Petrobras (PETR3;PETR4) quanto a Novonor (ex-Odebrecht) avaliam vender suas participações na petroquímica.

A leitura de Nishimura sobre os potenciais desinvestimentos é positiva, pois sinalizam um caminho mais saudável para a Braskem.

As duas empresas acionistas avaliam realizar uma oferta de ações para se desfazer da fatia – mas só após uma listagem da Braskem no Novo Mercado da B3 (B3SA3).

“Isso melhoraria ainda mais a questão de imagem de governança corporativa da empresa, sendo uma ótima sinalização para o mercado de ações”, comentou o sócio da BRA.

Gradualmente, a Braskem reforça suas iniciativas ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, ou Ambiental, Social e Governança Corporativa, traduzido para o português). Em dezembro, a companhia informou o mercado que voltará a integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa.

Funcionários, Braskem
Braskem vai distribuir R$ 6 bilhões em dividendos antecipados (Imagem: LinkedIn/Braskem)

Além da clara sinalização em direção a práticas mais sustentáveis, Nishimura destacou como gatilho a retomada de distribuição de dividendos.

Também em dezembro, o conselho de administração da Braskem aprovou a distribuição de R$ 6 bilhões em dividendos antecipados, referentes ao exercício de 2021.

O pagamento será realizado na próxima segunda-feira (20), com data-base em 8 de dezembro para detentores de ações de emissão da companhia negociadas na B3 e 13 de dezembro para detentores de ADRs (American Depositary Receipt, recibo de ação de uma empresa estrangeira negociada nos Estados Unidos) na Nyse.

Em relatório divulgado na última semana de novembro, o Safra disse que a geração de caixa da empresa deve permanecer atraente nos próximos anos, com rendimentos esperados de 21% e 11% em 2022 e 2023. Um fluxo de caixa robusto pode se traduzir em bons dividendos.

O Safra precificou a ação em R$ 78, o que implica um potencial de valorização de 45% em relação à cotação do último fechamento.

O banco chamou atenção para alguns riscos na tese de investimento da companhia, entre eles a retração mais rápida do que o esperado dos spreads e despesas adicionais com o afundamento do solo em Alagoas.

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