Braskem (BRKM5): Oferta de R$ 10,5 bi ofusca 3T23 fraco, mas é cedo para se animar; analistas veem riscos
As ações da Braskem (BRKM5) disparavam 17,07%, a R$ 20,23, às 11h35 do pregão desta quinta-feira (9). O movimento vem após a divulgação dos números do terceiro trimestre e do anúncio da oferta de R$ 10,5 bilhões da Adnoc para compra da petroquímica.
O ânimo dos investidores, no entanto, está pautado na nova proposta da estatal de Abu Dhabi, avaliam os analistas. Isso porque não foi notado nenhum sinal de melhora no resultado de julho a setembro, apesar de em linha com as expectativas.
De acordo com Pedro Soares e Thiago Duarte, do BTG Pactual, a Braskem “não apresentou sinais claros de recuperação”. Um dos destaques negativos foi o consumo de caixa de US$ 286 milhões, que, junto à queda no Ebitda em 12 meses, fez com que a alavancagem disparasse para 13x ND/Ebitda.
Os analistas destacam que, no Brasil e no México, os principais spreads recuaram — tendência que evidencia aumentos globais na produção de resina e procura lenta. “A menos que vejamos forte racionalização com o encerramento de crackers menos eficientes, a recuperação levará tempo a se materializar”, avaliam.
André Vidal e Helena Kelm, da XP, ainda ressaltam que o FCL recorrente foi negativo. Isso levou a um aumento da dívida para R$ 5 bilhões. Ainda assim, a Braskem permanece com caixa robusto (US$ 3,4 bilhões), dívida bruta com alto prazo de vencimento (12,3 anos) e de baixo custo (6,2% em dólar).
Adnoc vai comprar a Braskem?
A Adnoc propôs à Novonor R$ 37,29 por ação pela fatia na Braskem. O montante seria pago pela estatal de Abu Dhabi 50% em dinheiro e o restante seria convertido em dólares e pagos mediante um instrumento sênior ao equity da estatal.
A proposta ainda assegura à Novonor uma participação minoritária representativa de até 3% do total de ações de emissão da petroquímica.
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Apesar do otimismo do mercado, os analistas preferem tratar a oferta “com cautela”. Embora um potencial final para a venda esteja próximo, tanto o BTG quanto a XP não estão convencidos de que os acionistas minoritários poderão exercer o direito de tag along.
Para os analistas, ainda é cedo para se posicionar na ação. Ambas as casas tem recomendação neutra para BRKM5.
“Acreditamos que há espaço para revisões para baixo nas previsões de lucros, pois prevemos grandes excedentes de resinas em 2024, sugerindo que os múltiplos podem ser mais caros do que o mercado imagina”, dizem Soares e Duarte do BTG.