Braskem: 5 motivos para se preocupar com a empresa
A Braskem (BRKM5), uma das maiores petroquímicas do mundo, precisará superar uma série de percalços, se quiser reconquistar a confiança dos analistas. Não bastasse o prejuízo apresentado no terceiro trimestre, a companhia também é assombrada por problemas na operação no Brasil, em suas subsidiárias no exterior e no cenário internacional.
Não é à toa que os relatórios divulgados até o momento recomendam cautela. O BB Investimentos reforçou sua recomendação de marketperform (desempenho na média do mercado) para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 45 até 2020. O banco suíço UBS manteve a classificação neutra, com preço-alvo de R$ 31 para os próximos 12 meses.
O BB Investimentos destaca que os fatores positivos com que contou entre julho e setembro, como o aumento de 9 pontos percentuais na utilização da capacidade instalada e a melhor geração de caixa na subsidiária do México não foram suficientes para evitar um tombo de 58% no ebitda, em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Esse foi mais um trimestre fraco para a Braskem, com uma queda significativa no EBITDA a/a, em um contexto de forte queda nos spreads petroquímicos. Apesar da dívida líquida ter vindo 6% menor a/a, a queda significativa no EBITDA fez o múltiplo atingir 2,8x (ante 1.8x no 3T18)”, afirmou a instituição.
Dor de cabeça
Já o UBS listou cinco motivos para se preocupar com a companhia no curto prazo, embora observe que a tese de investimento, no longo prazo, é sustentada por um portfólio bastante atraente de produtos e diversificação geográfica e de fornecedores.
Os problemas imediatos da petroquímica, segundo o UBS, são:
1. o ciclo de baixa dos spreads do setor petroquímico;
2. os processos judiciais que a Braskem pode enfrentar, decorrentes da extração de sal-gema em Alagoas, que podem gerar pesadas indenizações e multas, estimadas em R$ 27 bilhões;
3. as possíveis mudanças no Regime Especial da Indústria Química (Reiq), em discussão no Congresso, que podem acabar com incentivos fiscais do setor e reduzir suas margens de lucro;
4. eventual queda do mercado mexicano, pois o bom desempenho financeiro das operações locais foi obtido, sobretudo, pela queda nos custos de vendas; já o volume de vendas permaneceu praticamente estável;
5. brigas entre a Odebrecht, sua principal acionista e em recuperação judicial, e os credores – trata-se de um cenário que pode desembocar na venda de uma fatia relevante da Braskem a um novo investidor, o que eleva a incerteza sobre os rumos da companhia.
A cautela dos analistas também é compartilhada pelos investidores. A Braskem está entre as maiores baixas da Bolsa brasileira nesta segunda-feira (18). Por volta das 15h10, as ações operavam em queda de 1,08%, cotadas a R$ 28,50. No mesmo instante, o Ibovespa subia 0,33%, a 106.905 pontos.