Brasília em Off: O que Guedes perdeu não volta mais
O ministro da Economia, Paulo Guedes, até tem defendido junto ao Presidente Jair Bolsonaro que o Ministério do Trabalho retorne para suas mãos depois que o novo chefe da pasta, Onyx Lorenzoni, sair do cargo para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul em 2022.
Mas isso não vai acontecer. Assim que a recriação da pasta veio a público, representantes de centrais sindicais e aliados do centrão já começaram a se movimentar para ocupar cargos — pressão que só tende a aumentar com a aproximação das eleições. Esse Ministério não volta nunca mais para a Economia, afirma um integrante da equipe de Guedes.
Ciúmes
De todas as áreas que estão sob sua batuta, Guedes achou menos pior perder o Ministério do Trabalho para acomodar aliados no governo. Isso, no entanto, não evitou que ele ficasse com ciúmes em perder o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O ministro transformou em hábito participar da entrevista coletiva em que os números do mercado formal de trabalho são divulgados. Isso aconteceu depois que os números passaram a ser uma vitrine para a retomada do crescimento.
Essa semana as agendas foram rearranjadas para que Guedes ainda pudesse estar lá. Mas o holofote, de agora em diante, será de Onyx.
Paternidade
Guedes, no entanto, não desistiu da paternidade de programas de retomada do emprego que estavam sendo preparados por sua equipe e que agora estarão submetidos ao novo ministro.
O Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), que tem como objetivo estimular a contratação de jovens, e o Bônus de Incentivo à Qualificação (BIQ) ainda não foram anunciados por falta de acordo sobre como financiar as iniciativas.
A aposta é que o ministro continuará a dar pitacos, especialmente porque conseguiu manter o principal nome de sua equipe na área de Trabalho, Bruno Bianco, na nova pasta.
Quem tudo quer…
A reforma ministerial trouxe à memória de integrantes da equipe econômica a ironia que é para Guedes perder para Onyx uma pasta importante que estava sob seu comando.
Quando chegou à Secretaria-Geral da Presidência, Onyx tentou tirar da Economia e trazer de volta para suas mãos a Secretaria do Programa de Parceria de Investimentos (PPI). Guedes bateu o pé. Agora vai ter que abrir mão de uma fatia muito maior.
Mudar para não perder tudo
A transformação da secretaria especial de Fazenda na secretaria especial do Tesouro e Orçamento foi uma tentativa de Guedes de tentar segurar as pressões do centrão por novos desmembramentos de sua pasta e pela recriação do Ministério do Planejamento.
Ao amarrar Tesouro e Orçamento, o ministro constrói o argumento de que é preciso juntar todo o ciclo orçamentário num lugar só: as receitas e a execução dos gastos públicos.
Agenda ambiental
Desde a eleição de Joe Biden, o governo americano vem cobrando do Brasil ações mais concretas na área ambiental como uma forma de abrir caminho para investimentos ESG no país.
Em reuniões na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, no entanto, o governo tem passado aperto. Em encontro recente, o secretário especial de Comércio Exterior, Roberto Fendt, teve que ouvir que o Brasil está deixando a desejar e perdendo a chance de ampliar o rol de investimentos de empresas americanas.
Tweets da semana
Como prioridade para o segundo semestre, teremos votações importantes. Logo na primeira semana, na volta do recesso, estamos com tranquilidade para votação da primeira etapa da reforma tributária, a que define as novas regras para o imposto de renda.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) July 28, 2021
Vamos analisar também a privatização dos Correios, além das reformas política e administrativa. Temos ainda que discutir a reforma eleitoral. A Câmara dos Deputados segue fazendo seu papel, que é aprovar modernização legislativa, sempre em discussão com a maioria dos líderes.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) July 28, 2021