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Brasileiro está disposto a pagar mais caro por carne bovina sustentável, aponta pesquisa da Universidade da Flórida

12 fev 2025, 17:20 - atualizado em 12 fev 2025, 17:20
Carne bovina carnes
(iStock.com/William Edge)

Os consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro por produtos de carne bovina sustentável, de acordo com uma tese inédita da Universidade da Flórida, realizada pela jornalista brasileira Shenara Pantaleão Ramadan.

O estudo apontou que os entrevistados comprariam a proteína animal por até 10% acima do valor atual, sendo motivados por mensagens ligadas à preservação da biodiversidade.

A pesquisa analisou as percepções gerais de 114 paulistanos sobre a pecuária da Região Amazônica, a produção de carne sustentável na região da Amazônia Legal e como é transmitida ao público a informação sobre os produtos serem ambientalmente responsáveis.

“Grande parte dos consumidores brasileiros desconhecem os esforços que vêm sendo feitos pela indústria na produção de carne sustentável. Para entender o comportamento e o perfil da compra, conversamos com consumidores em seis feiras urbanas de bairros nobres de São Paulo e depois mostramos embalagens com diferentes mensagens, a fim de compreender qual tipo de informação estimula mais a compra de carne bovina sustentável”, ressalta a autora do estudo.

Nas entrevistas, 72% dos entrevistados apontaram que não têm certeza se o produto que eles consomem adota práticas de cuidado com o meio ambiente, mas recomendam para outras pessoas a compra de proteína bovina produzida de forma responsável.

Na visão da pesquisadora, isso mostra que existe um mercado a ser explorado de produtos de proteína animal que adotam práticas sustentáveis na cadeia produtiva.

“Não só existe a intenção de pagar por um produto mais caro, mas também uma maior propensão a recomendar o produto a outros consumidores. Isso pode ser todo um nicho a ser explorado pela indústria”, revela.

Comportamento do consumidor

Para identificar os motivos de os consumidores optarem pela compra de proteína bovina sustentável, a pesquisadora classificou primeiramente os participantes a partir dos valores que os motivam a adotar atitudes sustentáveis.

Nesse sentido, 63% dos entrevistados apresentaram características “altruístas”, preocupando-se em conservar o meio ambiente para promover um mundo melhor para as gerações futuras. Enquanto isso, 26% desejam conservar a natureza pelo bioma e a vida animal, considerados “biosféricos”; e 10% buscam o próprio bem-estar, considerados “individualistas”.

Em seguida, a pesquisadora apresentou aos participantes embalagens de carne bovina com mensagens relacionadas a cada um desses valores pessoais.

O resultado foi que, ao terem contato com as embalagens no momento da decisão da compra, 69% dos entrevistados optaram prioritariamente pelo rótulo com a mensagem de cuidado com o meio ambiente e a biodiversidade, independentemente do tipo de preocupação que tenham com o meio ambiente.

Segundo a pesquisadora, por conta disso, quando a comunicação evidencia cuidados com os animais e as florestas, não há a necessidade de segmentar a mensagem, pois todos os públicos tendem a se engajar com essa mensagem.

“A grande maioria das pessoas quer saber se o produtor está protegendo as florestas e os animais, o que faz com que a comunicação seja trabalhada de modo geral em todos os formatos de mídia de forma mais assertiva”, destaca.

Segundo a pesquisadora, por conta disso, quando a comunicação evidencia cuidados com os animais e as florestas, não há a necessidade de segmentar a mensagem, pois todos os públicos tendem a se engajar com essa mensagem.

De acordo com Shenara, o levantamento constatou que os consumidores identificados com valores altruístas e individualistas, no momento da compra, preferiram embalagens que apresentam mensagens biosféricas, ou seja, que reforçam os cuidados com a vegetação e os animais. “É um estudo pioneiro e que serve como base para futuras pesquisas nessa área, uma vez que, das nossas conclusões, abrem-se novos campos de investigação”, pondera.

Sobre a pesquisadora

Com mais de 15 anos de experiência na área da Comunicação, Shenara Pantaleão Ramadan é formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pós-graduada em Comunicação Corporativa pela Universidade Cândido Mendes, além de Mestre e Doutoranda em Comunicação Agrícola e de Recursos Naturais pela Universidade da Flórida (EUA).

Com atuação em diversos setores do mercado, a carioca radicada nos Estados Unidos passou seus últimos cinco anos no Brasil desenvolvendo ações de relacionamento com a imprensa, estratégias de comunicação interna e marketing digital no setor do agronegócio.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.