Economia

Brasil volta a ter o maior juro real do mundo: O que isso significa e como impacta o seu bolso

05 nov 2023, 14:00 - atualizado em 03 nov 2023, 10:43
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Mesmo com corte de 0,50 pp na Selic, o Brasil voltou a liderar entre os maiores os juros reais do mundo. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, como já projetado pelo mercado. Com isso, a taxa básica de juros deixa o patamar de 12,75% e vai para 12,25% ao ano.

Por outro lado, apesar do corte promovido pelo Banco Central, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo. Um levantamento realizado pelo MoneYou aponta que, agora, os juros reais do país ficaram em 6,90%. Isso faz com que o Brasil lidere o ranking, ficando à frente do México, com taxa real de 6,89%.

Confira o ranking de países com as maiores taxas de juros reais

Ranking País Juro real (em %)
1 Brasil 6,90
2 México 6,89
3 Colômbia 5,48
4 Hungria 4,62
5 Chile 4,44
6 Indonésia 3,93
7 Rússia 3,69
8 República Checa 3,31
9 Hong Kong 2,90
10 África do Sul 2,64

O que são juro real?

Para chegar ao número do juro real, é preciso descontar do juro nominal (a Selic) o Índice de Preços Ao Consumidor Amplo (IPCA) prevista para os próximos 12 meses. Esse juro é o que representa a rentabilidade real de um investimento, uma vez que já considera o que foi perdido para a inflação.

Nem sempre o Brasil esteve no topo do ranking de juro real. Em meados de 2018, por exemplo, esse valor girava em torno de 2%, já que a inflação estava em 3,75% e a Selic em 6,5%.

A liderança é doce ou amarga?

Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. Por um lado, o país pode ter um maior fluxo de dólar porque o sonho dos investidores é rentabilidade alta e tendem a se aventurar em países com um juro real robusto.

Dólar entrando significa câmbio caindo. E essa queda não é boa apenas para que está pensando em viajar. O Brasil é um país que importa produtos manufaturados e algumas matérias-primas, por isso, quando o câmbio está alto, o custo de produção industrial e itens já prontos sobem.

Essa elevação afeta a inflação, que sobe junto. Agora, quando a moeda americana cai, a tendência é que os preços caiam juntos, aliviando o IPCA.

No entanto, essa atração de capital estrangeiro pode ser impactado pelos juros americanos. Na quarta-feira (1), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou manteve meta da taxa de juros de referência do Federal Reserve no intervalo entre 5% e 5,25%. Com isso, os investidores tendem a migrar os seus investimentos para o EUA. Afinal, a rentabilidade é em dólar.

Por outro lado, o juro real tem um efeito de desaceleração da economia, assim como a Selic. Isso porque quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e isso se resulta em uma queda no consumo das famílias e redução dos investimentos por parte das empresas.

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