Brasil volta a ter o maior juro real do mundo: O que isso significa e como impacta o seu bolso
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, como já projetado pelo mercado. Com isso, a taxa básica de juros deixa o patamar de 12,75% e vai para 12,25% ao ano.
Por outro lado, apesar do corte promovido pelo Banco Central, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo. Um levantamento realizado pelo MoneYou aponta que, agora, os juros reais do país ficaram em 6,90%. Isso faz com que o Brasil lidere o ranking, ficando à frente do México, com taxa real de 6,89%.
Confira o ranking de países com as maiores taxas de juros reais
Ranking | País | Juro real (em %) |
1 | Brasil | 6,90 |
2 | México | 6,89 |
3 | Colômbia | 5,48 |
4 | Hungria | 4,62 |
5 | Chile | 4,44 |
6 | Indonésia | 3,93 |
7 | Rússia | 3,69 |
8 | República Checa | 3,31 |
9 | Hong Kong | 2,90 |
10 | África do Sul | 2,64 |
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O que são juro real?
Para chegar ao número do juro real, é preciso descontar do juro nominal (a Selic) o Índice de Preços Ao Consumidor Amplo (IPCA) prevista para os próximos 12 meses. Esse juro é o que representa a rentabilidade real de um investimento, uma vez que já considera o que foi perdido para a inflação.
Nem sempre o Brasil esteve no topo do ranking de juro real. Em meados de 2018, por exemplo, esse valor girava em torno de 2%, já que a inflação estava em 3,75% e a Selic em 6,5%.
A liderança é doce ou amarga?
Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. Por um lado, o país pode ter um maior fluxo de dólar porque o sonho dos investidores é rentabilidade alta e tendem a se aventurar em países com um juro real robusto.
Dólar entrando significa câmbio caindo. E essa queda não é boa apenas para que está pensando em viajar. O Brasil é um país que importa produtos manufaturados e algumas matérias-primas, por isso, quando o câmbio está alto, o custo de produção industrial e itens já prontos sobem.
Essa elevação afeta a inflação, que sobe junto. Agora, quando a moeda americana cai, a tendência é que os preços caiam juntos, aliviando o IPCA.
No entanto, essa atração de capital estrangeiro pode ser impactado pelos juros americanos. Na quarta-feira (1), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou manteve meta da taxa de juros de referência do Federal Reserve no intervalo entre 5% e 5,25%. Com isso, os investidores tendem a migrar os seus investimentos para o EUA. Afinal, a rentabilidade é em dólar.
Por outro lado, o juro real tem um efeito de desaceleração da economia, assim como a Selic. Isso porque quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e isso se resulta em uma queda no consumo das famílias e redução dos investimentos por parte das empresas.