Brasil volta à “normalidade” com Lula, após “populismo mentiroso” de Bolsonaro, diz The Economist
A edição especial de fim de ano da revista britânica The Economist, que traz uma retrospectiva dos principais fatos políticos e econômicos de 2023, tem tudo para causar polêmica no Brasil. O motivo é que a publicação, uma das mais respeitadas do mundo, faz duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto pinta um quadro favorável de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a Economist, o Brasil é um dos destaques positivos do ano que termina, já que esteve ao lado dos “países que defenderam a democracia“. A revista acrescenta que o Brasil, a Polônia e a Grécia se destacam por “retornarem à moderação, após um passeio pelo lado selvagem” da política.
- O que esperar do dólar em 2024? Confira como a inflação dos Estados Unidos pode ditar o cenário da moeda no próximo ano e onde investir para aproveitar as perspectivas, segundo o analista Enzo Pacheco. É só clicar aqui:
“O Brasil empossou um presidente de centro-esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, depois de quatro anos de populismo mentiroso sob Jair Bolsonaro”, afirmou a revista, sem meia-palavras e sem medo de ser tachada de “comunista” pelos apoiadores do ex-capitão.
Para a Economist, o ex-presidente “espalhou teorias da conspiração divisivas, mimou policiais ávidos por puxar o gatilho, apoiou agricultores que incendiaram a floresta tropical, recusou-se a aceitar a derrota eleitoral e encorajou seus devotos a tentar uma insurreição” no fatídico dia 08 de janeiro.
A revista britânica prossegue, dizendo que, em contraste, “a nova administração rapidamente restaurou a normalidade – e reduziu o ritmo de desmatamento da Amazônia em quase 50%.”
Isso não significa, contudo, que a The Economist veja apenas méritos no terceiro mandato de Lula. A revista afirma que o próprio presidente prejudica “o impressionante histórico do Brasil”, ao insistir em “se aproximar de [Vladimir] Putin e do déspota da Venezuela Nicolás Maduro“.
Brasil de Lula é elogiado por Economist, mas prêmio de “país do ano” vai para outro
É por isso que a Economist se nega a dar o prêmio de “país do ano” para o Brasil. Essa honraria coube à Grécia nesta edição especial de Natal. A revista lembra que, há dez anos, a Grécia estava falida, após uma série crise financeira, e era ridicularizada em Wall Street.
A situação insuflou radicais de direita e de esquerda, que se digladiaram pelo poder. Mas, após uma década, os gregos elegeram em meados do ano um governo de centro-direita, cuja política externa é alinhada aos Estados Unidos e à União Europeia e cautelosa com a Rússia.
“A Grécia nos mostra que, à beira do colapso, é possível implementar medidas duras e reformas econômicas sensatas, reconstruir o contrato social, exibir um patriotismo moderado – e ainda ganhar eleições”, elenca a revista.
A Economist lembra que, em 2024, “metade do mundo” passará por eleições gerais – e os “democratas de todas as partes” devem “prestar atenção” no exemplo grego.