Brasil volta a dizer, na ONU, que Rússia não tem direito de atacar Ucrânia
O embaixador do Brasil na ONU (Organização das Nações Unidas), Ronaldo Costa Filho, voltou a afirmar que a Rússia não tem o direito de atacar a Ucrânia, mesmo alegando que sua segurança está em risco com o avanço da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre o Leste Europeu.
“Testemunhamos uma sucessão de eventos que, se não forem contidos em breve, levarão a uma escalada da agressão”, afirmou Costa Filho, durante seu discurso na assembleia extraordinária da ONU, convocada após o fracasso do Conselho de Segurança em aprovar uma resolução condenando a invasão russa e exigindo a retirada imediata das tropas.
Apesar de receber 11 votos favoráveis (inclusive, do Brasil), a resolução foi derrubada pela Rússia, membro permanente do Conselho e, portanto, com poder de veto.
O embaixador brasileiro reconheceu que os protestos da Rússia devem ser ouvidos, e que o Acordo de Minsk, assinado em 2014 e que encerrou a guerra no Leste da Ucrânia, não vem sendo cumprido.
“Mas essa situação não justifica, de nenhuma maneira, o uso da força contra qualquer dos países-membros da ONU”, afirmou Costa Filho. “O Brasil reforça o pedido de cessar-fogo imediato e de ajuda humanitária na Ucrânia”, acrescentou.
Brasil muda tom com Rússia, apesar de Bolsonaro
Esta foi a segunda manifestação oficial do Brasil em fóruns internacionais sobre a invasão da Ucrânia, após a visita do presidente Jair Bolsonaro a seu colega Vladimir Putin, em meados de fevereiro. Na ocasião, Bolsonaro chegou a insinuar que a retirada de parte das tropas russas da fronteira ucraniana poderia ter relação com seu encontro com Putin.
A viagem de Bolsonaro foi considerada um desastre diplomático, por colocar o Brasil numa situação de aliada implícita da Rússia no conflito. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, chegou a afirmar que o país dava sinais de que estava “do outro lado da maioria da comunidade internacional.”
A declaração foi rebatida pelo Ministério das Relações Exteriores, que sustentou que a posição brasileira era clara e expressa no Conselho de Segurança da ONU. De qualquer modo, Bolsonaro tem se esquivado de criticar diretamente a invasão da Ucrânia por Putin.
Na sexta-feira (25), Costa Filho fez uma dura censura à Rússia no Conselho de Segurança, no qual o Brasil ocupa um assento rotativo. Sua participação foi interpretada por analistas como uma tentativa de descolar a imagem do país da de Bolsonaro.
Assista ao discurso do embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho: