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Brasil vive boom de cartões de crédito; BofA elenca lições para bancos não caírem no mesmo erro do México

30 abr 2022, 13:00 - atualizado em 30 abr 2022, 12:07
Cartão de Crédito
No Brasil, o número de cartões vem crescendo a 24% o CAGR, com a quantidade de cartões por habitante mais que dobrando, de 0,73% em 2017 para 1,69 (Imagem: Arquivo/Agência Brasil)

O Brasil está passando por um boom de cartões de crédito. O cenário, lembra o Bank of America (BofA), é semelhante ao que o México vivenciou em 2004-2007, quando o número de cartões no país subiu a 37% o CAGR (taxa de crescimento anual composta), enquanto a quantidade de cartões por habitante quase triplicou, de 0,11 para 0,27.

No caso do Brasil, o número de cartões vem crescendo a 24% o CAGR, com a quantidade de cartões por habitante mais que dobrando, de 0,73% em 2017 para 1,69.

“O portfólio de cartão de crédito expandiu a um dos ritmos mais rápidos entre os segmentos de consumo durante o período, crescendo a 18% o CAGR em 2017-2021 e atingindo 21% dos empréstimos pessoais (excluindo hipotecas)”, comenta o BofA.

Dentro desse contexto, o mercado de crédito brasileiro começou a mostrar algumas rachaduras. Segundo o banco norte-americano, a qualidade dos cartões parece estar se deteriorando. Os créditos não produtivos (NPLs, na sigla em inglês) em cartões, destaca o BofA, subiram 100 pontos-base ao longo dos últimos 12 meses, alcançando 5,4% em janeiro deste ano. Ainda assim, permaneceram abaixo da média de 6,4% em 2017-2019.

“A preocupação é que o endividamento das famílias e o custo de serviço da dívida aumentaram diante de uma economia fraca, taxas de juros crescentes e inflação de dois dígitos. Por causa disso, é esperado que os NPLs de cartões continuem subindo em 2022”, diz o BofA.

Lições do México

Segundo o banco norte-americano, dá para tirar algumas lições do caso do México. O boom de cartões de crédito no país levou a uma alta afiada em NPLs, que quase dobraram de 2007 para 2009, de 6,7% para 12,5%.

Para contornar a situação, os bancos mexicanos implementaram medidas mais restritivas para a aprovação de cartões de crédito. Eles também melhoraram os modelos de pontuação de crédito e definiram limites internos de exposição a crédito de 35% da renda familiar, lembra o BofA.

Na avaliação da instituição, o Brasil consegue evitar uma deterioração similar ao que já foi visto no México. Para o BofA, as fintechs, em especial, devem olhar para o passado do setor financeiro do México para não cair nos mesmos erros.

“Essas lições devem ser consideradas por novas fintechs e competidores internacionais, que não têm experiência com ciclos de crédito ruins e estão emitindo cartões de crédito rapidamente para ganhar participação de mercado e atingir os desbancarizados”, finaliza o banco.

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