Brasil vira refúgio entre emergentes com apelo de carry e ações
A volatilidade atinge até as economias mais fortes entre os mercados emergentes, mas um país se transformou em refúgio diante do aperto monetário do Federal Reserve: o Brasil.
Ações, títulos e moedas de países em desenvolvimento sofrem seu pior colapso em décadas, mas ninguém diria isso ao olhar para os ativos da maior economia da América Latina.
Com retornos de carry trade de dois dígitos, as apostas nos títulos brasileiros são as mais otimistas em 13 anos e as ações do país se tornaram favoritas dos operadores.
O desempenho superior do Brasil proporciona um alívio a investidores em mercados emergentes que perdem com China, onde o crescimento cai, Índia, onde os preços altos do petróleo prejudicam a moeda, África, onde crises de dívida se formam, e Leste Europeu, abalado pela queda do euro.
O Brasil é visto por muitos como a única grande nação em desenvolvimento com uma receita para suportar a pressão financeira criada pelo aumento de juros globais: taxa básica de dois dígitos e um setor exportador de commodities gigante.
Quanto à eleição, cresce o otimismo que, independente de quem vença, o próximo governo adotará políticas favoráveis ao mercado.
“O Brasil realmente virou uma espécie de porto seguro que não se esperava antes das eleições”, disse Viktor Szabo, diretor de investimentos da abrdn em Londres. “Este é um ano bastante difícil para os mercados emergentes em geral, com inflação, guerra na Ucrânia e aperto monetário. Mas o Brasil se destaca e é uma história sólida de investimentos tanto no mercado financeiro quanto na economia real.”
Poucas autoridades monetárias foram tão agressivas quanto o Banco Central do Brasil, e parece que funcionou.
O Brasil se tornou a primeira nação em desenvolvimento a anunciar um pico da inflação, com quedas nos preços ao consumidor por três meses consecutivos, graças em parte a cortes de impostos sobre combustíveis e outros produtos.
A taxa de juros real do país subiu para 6,58%. O debate passou de aumento de juros para um possível corte no próximo ano.
É uma posição invejada por outros mercados emergentes, com altas de preços de dois dígitos e juros reais negativos na maioria deles.
O Brasil deu aos investidores os melhores retornos de títulos em moeda local este mês e também é o único país com classificaçao de alto risco a registrar um ganho.
Entre os bônus externos, o prêmio de risco soberano sobre títulos do Tesouro americano caiu 1 ponto percentual desde julho, levando-o ao nível mais baixo em relação a outros emergentes desde a crise financeira. As ações brasileiras geram o quinto melhor retorno em dólares do mundo.
Os retornos com carry trade atingiram 16% no acumulado do ano, enquanto outros mercados emergentes geraram perdas de 6%.
“Não há realmente nenhum outro lugar no mundo que se pareça com isso”, disse Ayman Ahmed, gestor da Thornburg Investment Management. “O país se tornou o queridinho dos investidores.”
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