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Brasil vê boom em negócios de fusões e aquisições, puxados por energia, varejo e saúde

02 jul 2021, 14:05 - atualizado em 02 jul 2021, 14:05
Raízen
O volume de fusões e aquisições cresceu oito vezes no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior (Imagem: Facebook/Raízen)

As empresas brasileiras estão fechando negócios vultuosos, enquanto a maior economia da América Latina tenta se recuperar da pandemia com um crescimento do PIB anual projetado de 5%, o que potencialmente eleva o volume de transações em setores que vão de energia à saúde.

O volume de fusões e aquisições cresceu oito vezes no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, para 56,8 bilhões de dólares, enquanto as ofertas de ações totalizaram 15,3 bilhões de dólares, um aumento de 55%.

Os banqueiros esperam que a atividade permaneça aquecida durante o segundo semestre, impulsionada por uma perspectiva econômica mais otimista, com setores como varejo e fintechs em destaque.

No primeiro semestre, a aquisição da Notre Dame Intermédica (GDIN3) pela operadora de saúde Hapvida (HAPV3) por 9,58 bilhões de dólares foi o sétimo maior negócio em mercados emergentes, enquanto o acordo para compensações a Petrobras (PETR4) na cessão onerosa dos campos de petróleo em águas profundas de Atapu e Sepia, de 6,45 bilhões de dólares, ficou em décimo terceiro lugar.

A privatização da Cedae, concessionária de água e esgoto do Estado do Rio de Janeiro, movimentou cerca de 4 bilhões de dólares, atraindo GIC, de Cingapura, o fundo de pensão canadense CPPIB e a holding local Itaúsa.

“Há um círculo virtuoso em andamento: a atividade econômica está se recuperando, as taxas de juros permanecem baixas e o capital está disponível”, disse Eduardo Miras, chefe de banco de investimento do Citi no Brasil.

A maior oferta de ações do Brasil neste ano aconteceu no último dia de junho, com a venda da participação da Petrobras na distribuidora de combustíveis BR Distribuidora, um negócio que movimentou 11,36 bilhões de reais.

Companhias como a empresa de energia Raízen, uma joint venture entre Cosan (CSAN3) e Royal Dutch Shell, a cimenteira Intercement Brasil e a rede de clínicas oncológicas Oncoclinicas planejam precificar IPOs multimilionários nas próximas semanas.

Espera-se que esses negócios atraiam os investidores estrangeiros, que evitaram as ofertas de ações brasileiras no início deste ano em meio ao agravamento da pandemia e à turbulência política.

“Os investidores estrangeiros não estão mais tão preocupados com a pandemia porque o ritmo da vacinação aumentou nas últimas semanas”, disse Roderick Greenlees, chefe do banco de investimentos do Itaú BBA, que liderou a tabela de ações no primeiro semestre. Ele prevê que as ofertas de ações chegarão a 160 bilhões de reais neste ano, um aumento de 33% em relação a 2020.

Os investidores estrangeiros desembolsaram 65,1 bilhões de reais comprando ações de empresas brasileiras, excluindo as vendas, no primeiro semestre, de acordo com a B3 (B3SA3), em comparação com uma saída líquida de 62,8 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Os investidores domésticos, por outro lado, ficaram mais tímidos, com as taxas de juros de referência subindo de 2% em janeiro para 4,25%.

Os fundos de ações receberam 1,7 bilhão de reais em recursos líquido neste ano até maio, ofuscados por ingressos líquidos de 94,1 bilhões de reais para fundos de renda fixa.

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Ciclo dos Negócios

A forte atividade do mercado de capitais também está aumentando os recursos disponíveis para financiar aquisições, disse Bruno Amaral, chefe de M&A do BTG Pactual (BPAC11), que liderou a tabela de fusões e aquisições do Brasil no primeiro semestre.

Setores duramente atingidos pela pandemia, como o varejo, estão entre os mais ativos em negócios nos últimos meses, com a recuperação do Brasil e o aumento do consumo, disse Amaral.

“Também estamos vendo muitos negócios na área financeira, principalmente das fintechs competindo com os grandes bancos, e em saúde”, acrescentou.

A Berkshire Hathaway Inc de Warren Buffett liderou uma rodada de financiamento de 750 milhões de dólares no Nubank, enquanto a gestora de private equity Advent International investiu 430 milhões de dólares na empresa de pagamentos Ebanx.