Guerra Comercial

Brasil vai sobreviver às tarifas de Trump? A visão de André Esteves sobre os erros e os acertos do republicano até agora

12 fev 2025, 19:38 - atualizado em 12 fev 2025, 19:38
André Esteves, BTG Pactual
(Divulgação: BTG Pactual/Macro Day)

Desde que assumiu a Casa Branca, há menos de um mês, o presidente dos Estados UnidosDonald Trump, tem se dedicado a cumprir uma das principais promessas de sua campanha eleitoral: a implementação de tarifas sobre produtos importados.

Primeiro, o republicano mirou em seus principais parceiros comerciais. México, Canadá e China foram atingidos com tarifas de 25% e 10%, e agora é a vez do Brasil.

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Na segunda-feira (10), Trump assinou um decreto que autoriza a taxação sobre as importações de aço e alumínio, o que pode afetar fortemente o setor siderúrgico brasileiro.

Para André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, no entanto, essa nova guerra comercial imposta pelos Estados Unidos terá pouco impacto sobre o Brasil — embora os EUA sejam o segundo maior mercado comprador de aço brasileiro.

“O Brasil está relativamente protegido da guerra tarifária. As tarifas [do aço e alumínio] impactam mais os exportadores industriais, um setor em que o país não é tão forte. Nós exportamos commodities, onde essas tarifas não se aplicam muito”, afirmou Esteves durante o evento BTG Summit 2025, realizado nesta quarta-feira (12) em São Paulo.

Para o chairman do BTG, o novo xadrez geopolítico provocado pelos EUA significa pouco para o Brasil, já que o país negocia com vários países e possui uma boa agenda comercial lá fora.

“De modo geral, a região mais vulnerável nisso tudo é a Europa, que é um exportador industrial e é superavitário tanto com os EUA quanto com a China”, disse.

O governo de Trump justificou as tarifas sobre o aço alegando que as importações brasileiras de países com “excesso significativo de capacidade”, especialmente a China, aumentaram nos últimos anos, “mais do que triplicando desde a implementação deste acordo de cotas”.

De fato, os números corroboram o argumento. Segundo o Instituto Aço Brasil, as importações brasileiras do produto chinês subiram 14,6%, passando de 2,89 milhões de toneladas em 2023 para 3,3 milhões de toneladas no ano passado. Os dados indicam que a China é o maior exportador do produto para o Brasil.

Em relatório recente do BTG, os analistas Bruno Henriques, Luís Mollo e Marcel Zambello destacaram que, com exceção da Gerdau (GGBR4), que deve se beneficiar, as outras siderúrgicas brasileiras terão impacto limitado com relação à decisão de Trump sobre suas receitas. 

Segundo os analistas, a Ternium é a que mais sentirá os efeitos das tarifas. “Esperamos impactos indiretos relevantes, pois grande parte dos clientes finais da Ternium exportam seus produtos para os EUA, o que pode eventualmente afetar os níveis de demanda de aço da empresa”, dizem.

Os erros e acertos do governo Trump, na visão de André Esteves

O executivo disse ser contrário às tarifas e também à nova política de imigração implementada pelo novo governo republicano.

Ao menos 11 mil pessoas em situação ilegal no país foram presas desde o início da segunda gestão, de acordo com dados da Casa Branca.

“Se você olhar no século passado, os EUA não tinham Imposto de Renda, e a receita do país vinha de tarifas. Então, o que estamos vendo hoje é um retrocesso”, afirmou.

Para Esteves, esses são, até o momento, os principais “erros” do governo Trump.

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Apesar de ser contrário às tarifas, o executivo elogiou o desempenho do segundo governo Trump em “posições-chave”, principalmente em relação à agenda pró-business positiva.

“Vemos uma agenda de eficiência agressiva no governo, cortando custos, impostos, promovendo paz global e desvinculando a economia”, diz André Esteves.

“Só tem as tarifas para dar uma ‘estragadinha’, mas o resto está perfeito. Você vê coisas muito especiais nesse governo —- com alguns erros. Porém, estou otimista”, afirmou André Esteves.

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seudinheiro@moneytimes.com.br

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