Brasil vai apresentar posição crítica da Nicarágua na ONU
O governo brasileiro irá apresentar na terça-feira, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, uma posição independente em relação à Nicarágua, manifestando preocupação com a violações praticadas pelo governo de Daniel Ortega, disseram duas fontes que acompanharam a preparação do documento.
O Brasil foi criticado na sexta-feira por não se unir a uma declaração subscrita por 55 países que criticava duramente Ortega e por não ter sequer se manifestado durante a reunião do conselho.
Os diplomatas brasileiros chegaram a participar da negociação do texto, mas optaram por não endossá-lo por considerar que a versão final não deixa uma porta aberta para negociações com o país.
O texto que será apresentado pelo embaixador do Brasil na Delegação Permanente do Brasil na ONU em Genebra, Tovar Nunes, deve dizer que o governo acompanha com preocupação a perseguição a opositores, com retirada de direitos e expulsão do país.
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Ao mesmo tempo, no entanto, o governo Lula quer manter uma porta aberta para ser um possível canal de diálogo, ressaltando que o Brasil tem um compromisso com a democracia e quer ter um papel “construtivo” na solução da crise na Nicarágua.
“Manifesta preocupação, mas não joga pedras justamente para deixar uma possibilidade de diálogo”, disse uma fonte, que confirmou a posição do Brasil de não se juntar à nota de sexta-feira por considerar que interrompe possibilidades de mediação.
A abstenção do governo brasileiro na sexta jogou mais pressão sobre Lula e o PT, frequentemente cobrados a criticar violações de direitos humanos na Nicarágua e na Venezuela, ambos governos com origem na esquerda e tradicionalmente aliados do petismo.
Nesta terça-feira, o Conselho de Direitos Humanos irá discutir o relatório sobre o regime de Ortega feito por peritos da organização. As conclusões são de que o regime cometeu “sérias e sistemáticas violações” que podem ser consideradas crimes contra a humanidade, incluindo tortura, execuções extrajudiciais e detenções arbitrárias, e aponta Ortega e a vice-presidente Rosario Murillo, mulher do presidente, como os responsáveis.