Tempo Real: Ibovespa se preparar para corte de gastos
“Olhando para crescimento diante da Reforma da Previdência“. A afirmação inicia um relatório do Bank of America Merrill Lynch sobre o Brasil publicado nesta semana, no qual a instituição norte-americana avalia os desenvolvimentos recentes da política e da economia nacionais.
De acordo com os analistas David Beker e Ana Madeira, ao mesmo tempo que a Reforma da Previdência ganha corpo no Congresso, o governo tenta implementar uma agenda microeconômica de reformas.
“O Brasil é um dos países mais burocráticos do mundo, ficando na 109ª posição no ranking de Facilidade para Fazer Negócios do Banco Mundial”, destaca o BofA ML ao apontar a dificuldade existente de ambiente de negócios.
Gráfico: 24 países selecionados no ranking de 190 analisados pelo Banco Mundial: Brasil está em 109º
A instituição pondera negativamente que as expectativas de crescimento para a economia brasileira apresentaram declínios seguidos ao longo dos últimos meses, com a projeção do PIB – segundo o relatório Focus – despencando de 2,28% em março para 0,87% na última semana.
Parado desde 1960
Para Beker e Madeira, “fatores estruturais desempenharam papel importante ao guiarem as revisões consecutivas para baixo no crescimento”. “No entanto, a maior produtividade do trabalho pode aprimorar esta tendência”, completam.
Há uma inércia histórica em relação ao visto nos EUA, compara o relatório. “O PIB per capita do Brasil em 1960 era cerca de 19% dos EUA. Seis décadas depois, esta relação permanece a mesma e revela como a produtividade está atrasada no Brasil”, avaliam os analistas.
“A renda de um indivíduo é a remuneração pela contribuição de suas habilidades e ativos na produção de bens e serviços. Assumindo que a renda per capita é aproximadamente igual ao PIB per capita, então as diferenças de renda per capita entre os países refletem amplamente as diferenças em sua produtividade média individual”, pontua a avaliação.
Produtividade negativa
O Bank of America Merrill Lynch apresenta alguns fatores para a baixa produtividade. “A falta de competição é uma das principais causas para a baixa produtividade do Brasil”, avalia a instituição, destacando ainda que as elevadas barreiras regulatórias, adicionadas ao uso inadequado de incentivos e a baixa eficiência dos subsídios, afetam profundamente a economia nacional.
“Não ocorreu muito progresso nos últimos anos para enfrentar gargalos no setor de crédito, infraestrutura, restrições regulatórias, sistema tributário e abertura comercial”, afirmam Beker e Madeira, ressaltando ainda que a sequência destas reformas estruturais são a chave para melhorar o ambiente de realização de negócios.
De acordo com o Banco Mundial, a média de contribuição da produtividade total de fatores (TFP, na sigla em inglês) no Brasil foi ligeiramente negativa entre 1996 e 2015, o que está muito abaixo das economias de rápido crescimento. O TFP da China e Índia é de 20% e 12%, respectivamente.
“Considerando que a TFP é a parte da produção não explicada pela quantidade de insumos utilizados na produção, seu nível é determinado pela eficiência e intensidade com que os insumos são utilizados na produção. Portanto, o crescimento da TFP pode ser tanto o resultado de realocação ou inovação, obtido pela transferência de recursos para indústrias e setores mais eficientes ou pelo desenvolvimento de novas tecnologias”, lembra o BofA.
Ou seja, o Brasil está andando para trás.
Menor burocracia
A instituição destaca a MP (Medida Provisória) da liberdade econômica como iniciativa de redução da burocracia e aprimoramento da inovação, indicando o maior viés liberal da equipe econômica. A queda no tempo de abertura de uma subsidiária no Brasil passou de 45 dias para 3 dias. Mas e quem quer?
Entre 2014 e 2018, apenas 31 subsidiárias internacionais desembarcaram por aqui. O número é 61% inferior ao registrado entre 2009 e 2013.