Desemprego no Brasil cai a 12,6% no 3º tri, mas com piora da renda
O Brasil encerrou o terceiro trimestre com queda na taxa de desemprego e no número de pessoas que buscam trabalho, em meio ao aumento da ocupação conforme a economia tenta se recuperar dos impactos da Covid-19, mas também com recuo na renda real.
A taxa calculada pela Pnad Contínua ficou em 12,6% no trimestre encerrado em setembro, de 14,2% no segundo trimestre.
O resultado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o mais baixo desde o primeiro trimestre de 2020, quando foi de 12,4%, e ficou praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de 12,7%.
No terceiro trimestre de 2020, a taxa de desemprego havia sido de 14,9%.
O mercado de trabalho ainda se ressente dos danos à economia causados pela pandemia de Covid-19, mas vem buscando se recuperar com o avanço da vacinação permitindo maior circulação de pessoas.
Os dados divulgados nesta terça-feira mostraram que o número de pessoas desempregadas no Brasil teve queda de 9,3% na comparação com o segundo trimestre, alcançando 13,453 milhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, o recuo foi de 7,8%.
Por sua vez, o contingente de pessoas ocupadas aumentou 4,0% no período, e chegou a 92,976 milhões, apresentando ainda uma alta de 11,4% sobre o terceiro trimestre de 2020.
“Vemos a continuidade de um processo de recuperação do mercado de trabalho de forma gradativa. A retração da população desocupada é um movimento importante para o mercado de trabalho”, disse a coordenadora do IBGE, Adriana Beringuy.
“No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho”, explicou Beringuy.
A população fora da força de trabalho reúne aqueles que não estão ocupados nem buscando emprego.
Com o aumento no número de ocupados, o nível da ocupação, percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão no mercado de trabalho, chegou a 54,1%, de 52,1% no trimestre anterior.
Mas apesar do aumento entre as pessoas ocupadas, o rendimento médio real dos trabalhadores ficou em 2.459 reais no terceiro trimestre, uma queda de 4,0% frente ao último trimestre e de 11,1% sobre o mesmo período do ano passado, o que indica que o aumento da ocupação foi puxado por postos de trabalho com salários menores.
“Há um crescimento em ocupações com menores rendimentos e também há perda do poder de compra devido ao avanço da inflação”, disse Beringuy.
Trabalho doméstico
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado, aumentaram 4,4% sobre o segundo trimestre e alcançaram um contingente de 33,508 milhões. Enquanto isso, aqueles que não tinham carteira aumentaram 10,2%, a 11,691 milhões.
O trabalho informal, que inclui aqueles sem carteira assinada, sem CNPJ ou trabalhadores sem remuneração, responde no período a 54% do crescimento da ocupação, de acordo com o IBGE.
A taxa de informalidade chegou a 40,6% da população, ou 38 milhões de trabalhadores nessa situação.
Já o número de trabalhadores domésticos chegou a 5,409 milhões no terceiro trimestre, um aumento de 9,2%, o maior desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012.
“A categoria dos empregados domésticos foi a mais afetada na ocupação no ano passado e, nos últimos meses, há uma expansão importante.
Embora haja essa recuperação nos últimos trimestres da pesquisa, o contingente atual desses trabalhadores é inferior ao período pré-pandemia”, explicou Beringuy.
O IBGE informou ainda que o trabalho por conta própria registrava no período 25,461 milhões de pessoas, um aumento de 3,3% sobre o segundo trimestre, atingindo o maior número desde o início da série histórica.
Ponderação
O IBGE informou ainda que a pesquisa divulgada nesta terça-feira inicia uma nova série, reponderada devido à mudança na forma de coleta da pesquisa durante a pandemia da Covid-19, uma vez que com as medidas de isolamento a coleta foi feita de maneira remota.
“A nova reponderação busca mitigar possíveis vieses de disponibilidade em grupos populacionais, intensificados pela queda da taxa de aproveitamento das entrevistas”, explicou Beringuy.
Segundo o IBGE, com a mudança na coleta a taxa de resposta volta a crescer –na pandemia ela chegou a ser de 60%, quando o normal é ficar acima de 80%.
(Atualizada às 11:01)