Brasil tem desemprego de 12,2% no 1° trimestre, já revelando impactos da pandemia
A taxa de desemprego do Brasil terminou o primeiro trimestre em 12,2%, com 12,85 milhões de desempregados no país, em um movimento sazonal, mas que já apresenta os primeiros sinais do impacto do coronavírus sobre o mercado de trabalho.
A Pnad Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira mostrou aumento da taxa ante 11,0% no quarto trimestre de 2019 e 11,6% nos três meses até fevereiro. No mesmo período de 2019, o desemprego era de 12,7%.
O resultado de março ainda ficou abaixo da expectativa pesquisa da Reuters de taxa de 12,5%, na mediana das projeções. É a maior taxa desde o trimestre encerrado em maio de 2019.
O mercado de trabalho brasileiro vinha esboçando uma recuperação em sintonia com a economia, mas agora sofre o golpe de um período sazonal que costuma mostrar que não houve sustentação das contratações feitas no final do ano anterior.
Entretanto, a pandemia de coronavírus vem mantendo lojas e comércios fechados devido ao isolamento social, e o mercado de trabalho tende a acompanhar a contração esperada no Produto Interno Bruto, com os impactos totais da pandemia ainda incertos e os isolamentos em muitos locais se prolongado por abril e maio.
“A pesquisa tem movimento sazonal de dispensas, mas tem claramente sinais do impacto do Covid-19”, disse o coordenador da Pnad Contínua, Cimar Azeredo. “O efeito da pandemia já apareceu de claro e de pronto em março.”
Entre janeiro e março, o total de desempregados no país era de 12,85 milhões, contra 11,632 milhões no quarto trimestre e 13,387 milhões no mesmo período do ano anterior.
O IBGE informou ainda que o total de pessoas ocupadas foi a 92,223 milhões nos três primeiros meses do ano, uma queda de 2,5% ante o período imediatamente anterior, o maior recuo de toda a série histórica
“Não dá para separar efeito sazonal e do Covid-19. A ocupação reduziu muito, a busca por trabalho caiu pelo distanciamento social”, explicou Azeredo.
Os trabalhadores com carteira assinada no primeiro trimestre somavam 33,096 milhões, contra 33,668 milhões entre outubro e dezembro, também um sinal dos impactos da pandemia.
Os empregados sem carteira no setor privado eram 11,023 milhões, ante 11,855 milhões no período anterior.
A taxa de informalidade chegou a 39,9% no primeiro trimestre deste ano, ante 41% no último trimestre de 2019, o que representa 36,8 milhões de trabalhadores. Os informais são os trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, os conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
A Pnad mostrou ainda que o total de pessoas fora da força de trabalho subiu para 67,3 milhões, batendo novo recorde desde 2012. Esse grupo é formado por pessoas que não procuram trabalho, mas que não se enquadram no desalento.
Os desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego, somaram 4,8 milhões.
O rendimento médio do trabalhador chegou a 2.398 reais nos três meses até março, de 2.371 reais até dezembro.
Coleta
De acordo com Azeredo, a pesquisa foi realizada por telefone e ela não foi alterada, embora não tenha sido desenhada para ser realizada dessa maneira. Segundo ele, 80% dos domicílios que responderam em março responderam em dezembro.
“Só 20% não tínhamos contato. Usamos nossa bases e buscamos dados da saúde, motoboy, telegrama e artifícios para contactar as pessoas e fazer a pesquisa. A taxa de resposta da pesquisa ficou em 61% e sempre é mais de 80%”, completou.
Azeredo explicou que foi realizada uma auditoria interna sobre a qualidade da pesquisa e que a coordenação a avalizou. Para abril, a taxa de resposta, segundo ele, é de 50% até agora.
“Já perdemos o Caged e não podemos perder a Pnad Contínua, ainda mais num momento difícil como esse para o mercado de trabalho”, disse.
(Atualizada às 12h03 – Horário de Brasília)