Brasil tem caminho inevitável para juro menor no dia 18 de março
O juro no Brasil pode encerrar 2020 a até 3,25% ao ano, ou seja, 1 ponto percentual abaixo do patamar atual da Selic, avaliam economistas do mercado financeiro que estão criando um novo consenso para as estimativas.
O último relatório Focus, que reúne as opiniões de 112 economistas, ainda mostra uma projeção de 4,25% para o final do ano. Este número, contudo, já parece muito defasado.
Esta nova percepção ganhou força após uma redução inesperada de 0,5 ponto percentual implementada pelo Federal Reserve nesta semana, quando levou o juro nos EUA para o nível entre 1% e 1,25%.
A expectativa foi alimentada ainda mais depois de o Banco Central do Brasil emitir um comunicado, na sequência da decisão do Fed, em que afirma estar monitorando “atentamente os impactos do surto de coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira”.
“O comunicado lembrou uma frase da última ata em que afirmava que a conseqüência dos efeitos do Covid-19 na política monetária dependeria da ‘magnitude relativa da desaceleração econômica global versus a reação dos ativos financeiros’, ressaltam David Beker e Ana Madeira, economistas do Bank of America.
Segundo eles, este “tom” abriu definitivamente uma porta para um corte na próxima reunião em 18 de março. Além disso, Beker e Madeira ressaltam que esta é a mesma data do encontro dos membros do BC americano. Os investidores já precificam um corte adicional por lá.
O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, concorda que o comunicado apresenta a disposição do comitê de reiniciar o ciclo de
afrouxamento monetário interrompido recentemente.
“Após essa nota e, levando em conta nosso conhecido cenário de inflação IPCA abaixo do centro da meta em 2020 e 2021, passamos a
estimar cortes na taxa Selic nas próximas três reuniões do comitê, levando a Selic a 3,25% ao ano”, ressalta.