Brasil tem ativo ‘único’, diz gestor da Verde
Uma das maiores referências do mercado de ações brasileiro, o fundador da Verde, Luis Stuhlberger, defendeu que o Brasil tem o dólar como um ativo com ao menos três características que outros investimentos possuem.
“Em economia você não consegue ter a trindade: segurança, liquidez e rentabilidade”, disse ao Brazil Journal. “Mas, em um único ativo [o dólar], você não tem risco de duration [risco de um título em relação ao prazo de seu vencimento], é ‘título’ do governo e tem a rentabilidade do juro real mais alto do mundo”.
Stuhlberger acrescentou um quarto ponto, o da tributação. “Um elemento que tem liquidez diária, com o juro real mais alto do mundo, te dá uma sensação de que você está em uma festa, mas muito perto da porta de saída”, comentou. “Se houver um incêndio, eu ligo para o banco, pego o dinheiro, e compro dólar no dia seguinte.”
Para o gestor, como o dólar está cerca de 8% acima de alguns modelos há “vários anos”, os investidores se acostumaram com o patamar como um “novo normal”. Ele acrescentou que a divisa é o ativo para o qual o Congresso mais presta a atenção, não tanto, disse, para “tecnicalidades” e a Bolsa.
Dólar como investimento
Não é de hoje que o mercado fala no dólar como um “porto seguro”, uma opção de investimento que funciona como uma proteção a uma carteira. Em momentos de estresse, a tendência é que gestores aumentem a exposição à moeda.
É por isso que o analista da Empiricus Research, Matheus Spiess, por exemplo, vê o dólar mais alto caso seja ruim o arcabouço fiscal, que deve ser apresentado nas próximas semanas pelo governo. No entanto, ele destacou recentemente a força das commodities e o Fed como elementos de influência sobre a divisa.
Em março, o dólar à vista oscilou entre os R$ 5,10 e os R$ 5,32, enquanto no exterior, o Dollar Index (DXY) – índice que mede a força do dólar ante uma cesta de moedas -, avançou ao maior nível desde o fim de novembro de 2022, acima dos 105,6 pontos.