Brasil tem 48% da população sem coleta de esgoto, diz Instituto Trata Brasil
A Comissão de Infraestrutura (CI) discutiu nesta quarta-feira (25) a universalização do saneamento básico no Brasil. Durante audiência pública, os expositores alertaram para o fato de que 48% da população brasileira ainda não tem coleta de esgoto e pediram a atenção do Senado e do governo para mudar essa realidade.
O presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, afirmou que todos os objetivos de desenvolvimento sustentável são conectados ao saneamento. O instituto é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que atua no Brasil desde 2007, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país.
— O Brasil exporta tecnologia agrícola e não consegue ainda entregar esgoto tratado — lamentou.
— Hoje estamos falando de incêndio nas florestas, de agrotóxicos, de vários impactos ambientais. Não há nenhum impacto ambiental hoje maior do que o lançamento de esgoto. E é um assunto que a gente ainda não consegue dar velocidade necessária para solucionar — disse.
— Como vamos construir um país realmente desenvolvido numa situação dessa? — questionou.
— Essa ineficiência brasileira na distribuição de água é fatal para que a gente não consiga avançar nos serviços de saneamento. São vazamentos, gatos, roubos, fraudes de hidrômetros, hidrômetros que não medem nada — citou Édison.
Por fim, ele apresentou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, entregue ao ex-presidente Michel Temer e ao presidente Jair Bolsonaro, mostrando que o Brasil ganharia R$ 1,1 trilhão nos próximos 20 anos se universalizasse o saneamento básico, a um custo de R$ 470 bilhões. Ele disse ainda que deverá chegar à Câmara e ao Senado um projeto de lei sobre o assunto e pediu o compromisso dos senadores para apoiar a proposta.
— Talvez não há maior e melhor investimento que esse país possa fazer do que a universalização do saneamento básico. É a infraestrutura que mais traz benefícios a um ser humano. É a infraestrutura mais relevante que um país pode ter — afirmou.
O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) perguntou por que não se dá prioridade às obras de saneamento. Édison Carlos respondeu que, na década de 1970, houve um intenso movimento para obras de saneamento básico, mas que se priorizou a entrega da água potável. A coleta e o tratamento de esgoto ficaram para outro momento.
— Isso mostra que a empresa ser pública não significa que ela seja ruim. Queremos que haja uma maior participação conjunta — disse.
Percentual atendido por coleta de esgoto por região | |
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Norte | 10,24% |
Nordeste | 26,87% |
Sudeste | 78,54% |
Sul | 43,93% |
Centro-Oeste | 53,88% |