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Brasil prevê foco em energia eólica, solar e gás, mas Covid pode afetar investimentos

14 dez 2020, 13:32 - atualizado em 14 dez 2020, 13:32
Energia Eletrica
O cenário mais otimista do chamado “PDE” prevê que a carga de energia no sistema elétrico do Brasil poderia superar 100 gigawatts médios em 2030 (Imagem: Pixabay)

As hidrelétricas praticamente não devem ter espaço na expansão do sistema elétrico do Brasil ao longo da próxima década, enquanto empreendimentos de novas fontes renováveis como parques eólicos e solares deverão dominar os investimentos, assim como térmicas a gás natural.

As projeções constam de versão preliminar do Plano Decenal de Energia 2030 (PDE), da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), submetido a processo de consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia por 30 dias a partir desta segunda-feira.

Mas o documento, que traz um planejamento indicativo de longo prazo dos investimentos em energia, sinaliza que tanto os aportes em novas usinas quanto em linhas e subestações podem ser significativamente impactados pela pandemia de coronavírus, principalmente em caso de uma segunda onda de contágios.

O cenário mais otimista do chamado “PDE” prevê que a carga de energia no sistema elétrico do Brasil poderia superar 100 gigawatts médios em 2030.

Em um cenário de crise sanitária mais intensa e prolongada, no entanto, com segunda onda de Covid-19, a carga ao final do horizonte seria de 84,4 gigawatts médios. O cenário básico, de referência, aponta para expansão até 93,8 gigawatts médios.

No setor de transmissão de energia, o PDE apontava inicialmente para investimento total de 108,7 bilhões de reais em dez anos, reduzido para 89,6 bilhões no cenário de referência após a pandemia. Em uma visão pessimista, os aportes poderiam cair para 59,2 bilhões de reais.

Em geração, o cenário otimista projeta crescimento de 55 gigawatts na capacidade instalada do Brasil até 2030, enquanto o mais negativo aponta para apenas 11 gigawatts adicionais.

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Renováveis e Gás

O plano decenal do governo projeta no cenário base um crescimento de quase 2,4 gigawatts por ano em potência instalada de usinas eólicas e de 731 megawatts anuais nas solares, o que faria essas fontes somarem capacidade adicional de cerca de 15,5 gigawatts entre 2026 e 2030.

Já usinas termelétricas flexíveis poderiam ter uma expansão de 12,3 gigawatts ao longo do período, com instalação de 2 gigawatts e 3 gigawatts por ano.

Para as hidrelétricas, porém, não há perspectivas de novos empreendimentos com entrada em operação ao longo da década, mas apenas de ampliação de usinas existentes.

O plano decenal do governo projeta no cenário base um crescimento de quase 2,4 gigawatts por ano em potência instalada de usinas eólicas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

“Essa oferta não se mostrou como uma opção economicamente atrativa para a expansão”, apontou o PDE, que também cita necessidade de “harmonização com questões socioambientais” como fator para garantir a viabilidade de novos projetos hídricos.

Assim, o PDE vê hidrelétricas alcançarem 106,4 gigawatts em 2030, ante 101,9 gigawatts atualmente.

Isso faria a participação da fonte na matriz brasileira recuar dos atuais 62% para 54% em dez anos, enquanto usinas eólicas, solares, de biomassa e pequenas hidrelétricas saltariam de 24% do total para 33%.

O plano, no entanto, observa que algumas usinas hídricas em processo de estudo poderão ser viáveis no médio prazo, como as hidrelétricas de Tabajara e Bem Querer, ambas na região da Amazônia.

Mas o documento do governo afirma que tem como objetivo também “intensificar o debate” sobre o papel das hidrelétricas no Brasil.

“A dificuldade de viabilização de novos projetos é um fato notório nos últimos anos. Enxergar novos modelos de negócios, mapear as possibilidades para melhor aproveitar o potencial remanescente e reconhecer a mudança da nossa matriz de energia elétrica são elementos chave para valorizar a importância das hidrelétricas no Brasil.”

Mas o documento do governo afirma que tem como objetivo também “intensificar o debate” sobre o papel das hidrelétricas no Brasil (Imagem: Pixabay)

Em relação ao uso de carvão em usinas térmicas, que tem perdido espaço no mundo, em meio a um foco maior na geração renovável, o plano estatal afirma que essa é uma discussão que “deve ser tratada com muita atenção” e sugere apenas a modernização de um empreendimento já existente no período.

O planejamento do governo ainda projeta pela primeira vez a construção de usinas termelétricas movidas a resíduos sólidos urbanos e aponta para limite mínimo de expansão de 60 megawatts com essa tecnologia, “a título de política energética”.