Brasil precisa investir como a China e ‘regras do jogo’ do século XX não funcionam mais, diz Marcos Jank

O coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, acredita que o Brasil, assim como a China fez, precisa realizar investimentos em agricultura para produzir cada vez mais alimentos.
“A África tem um território muito parecido com o do Brasil e o continente está na bagagem da China. A China não está olhando para África porque ela é grande, e sim pela perspectiva de que o continente possa produzir alimentos e alimentar a sua população. São pontos que temos de considerar para o Brasil passar à frente. Hoje, temos 120 milhões de áreas vegetais de pastagens degradadas, áreas que, além emitirem carbono, produzem mal e usam mais água. Se investirmos, podemos crescer muito em produção”.
A fala ocorreu durante o painel “Agronegócio Brasileiro em Tempos de Guerra Comercial: Estratégias e Oportunidades” do Bradesco BBI Agro Summit 2.0, que também contou com a participação de Julio Ramos, Diretor de Assuntos Estratégicos ABIEC.
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Ele também ressaltou o trabalho da Embrapa nos últimos 50 anos para o Brasil deixar de ser um importador e se tornar um exportador de alimentos.
O fim das regras do século XX
Marcos Jank reforçou que a partir de 2010 houve um enfraquecimento das regras das instituições e que, a partir dos anos 2000, grandes instituições deixaram de resolver os problemas globais. O comentário surgiu a partir de uma reflexão sobre as tarifas impostas por Donald Trump.
“A ONU não resolve os problemas de guerra, a OMC não resolver os problemas de comércio, OMS não resolve os problemas de saúde e as COPs não resolvem os problemas do clima. E nesse meio do caminho surge o Trump. Talvez o ponto mais sensível é o fim das ‘regras do jogo’ que surgiram no século XX. O tarifaço é muito mais sério do que só Brasil e EUA, o tarifaço é sobre o mundo”.
Segundo ele, os EUA adotaram uma política de substituição de importações. “É o maior mercado liberal do mundo e ele está se fechando. Talvez eles voltem atrás, mas a verdade é que eles estão adotando um modelo que fizemos na América do Sul e que não deu muito certo por aqui. A dúvida não é sobre nossa venda de carne ou café, se trata das dezenas de acordos que estão sendo feitos na Casa Grande e vão mexer com o acesso aos mercados”.