Brasil não tem espaço para errar, diz presidente da Febraban
O ano de 2025 começou com um cenário internacional desafiador: a inflação continua alta nos países e os bancos centrais mantêm as taxas de juros elevadas. Além disso, o retorno de Donald Trump à Casa Branca traz volatilidade ao mercado, que ainda não tem clareza sobre os planos do novo presidente dos Estados Unidos.
Para Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o mundo enfrenta um momento turbulento, repleto de incertezas que não permitem ao Brasil cometer erros.
“Temos visto um aumento significativo daquilo que se chama de populismo e uma instabilidade política em democracias, inclusive maduras. Esse é um cenário que tem gerado mais insatisfação social com a inflação aumentando muito. Esse populismo inspira cuidados quando olhamos para o viés econômico. Além de os países estarem muito endividados com inflação alta e juros elevados, outra consequência desse fenômeno é o protecionismo comercial”, afirmou o executivo durante o Brazil Economic Forum, evento organizado pelo LIDE nesta quinta-feira (23).
Sidney observa que, em alguns casos, esse protecionismo se disfarça como política de segurança nacional, com tensões mais evidentes entre os Estados Unidos e a China. Ele ressalta que não se pode esperar uma melhora no cenário internacional para mitigar os problemas da economia e da política brasileira.
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“Precisamos acertar a mão nesse contexto externo adverso e não bastasse isso, internamente já estamos em um momento delicado e fragilizado pelo aumento da inflação e pela desconfiança ainda presente sobre a política fiscal brasileira. Isso tem contaminado as expectativas dos agentes econômicos e comprometido o comportamento do câmbio e dos juros nos últimos meses”, diz.
O presidente da Febraban sugere que o Brasil deve adotar uma posição de “tolerância zero” para erros na economia, unindo esforços do poder público e do setor privado para avançar em uma agenda rigorosa que mitigue incertezas fiscais e aumente a proteção contra choques internos e externos.
Ele também reconhece que o governo e o Congresso já deram passos importantes em relação ao controle fiscal, mas enfatiza que não se pode aumentar indefinidamente o endividamento do estado brasileiro sem uma perspectiva de estabilização da dívida pública em algum momento no futuro próximo.