BusinessTimes

‘Brasil não está no nível de outros países no ESG’

03 nov 2021, 17:05 - atualizado em 03 nov 2021, 17:28
Meio Ambiente, Empresas
Isso significa investir cerca de € 25 bilhões entre 2021 e 2025 e se livrar de algumas térmica a carvão que a empresa ainda tem no porfólio (Imagem: Pixabay)

Apesar do avanço das práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) nos últimos anos, o Brasil ainda está um passo atrás em relação a outras nações do mundo, sobretudo da Europa.

Em entrevista ao Estadão, o presidente do grupo português EDP, Miguel Stilwell, afirma que o País ainda não está tão alinhado com o ESG como outros locais.

“Na Europa, é difícil ter uma conversa com um investidor que não passe pelo ESG. O Brasil ainda não está nesse nível.” De passagem pelo País para inaugurar o primeiro parque solar no País, de 252 MW, em Pereira Barreto (SP), o executivo afirmou que a empresa tem trabalhado para tornar seu portfólio de geração 100% renovável até 2030.

Isso significa investir cerca de € 25 bilhões entre 2021 e 2025 e se livrar de algumas térmica a carvão que a empresa ainda tem no porfólio.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como o sr. compara o ESG no Brasil e na Europa?

O Brasil ainda não está tão alinhado como outras geografias. A Europa claramente está dedicando muito tempo e atenção a isso. Por lá, os investidores pressionam as empresas e privilegiam primeiro aquelas que têm boas práticas de ESG. Vemos isso de uma forma muito concreta.

E eles penalizam quem não tem as boas práticas. No Brasil, temos de seguir a prática alinhada com o resto do grupo, de adotar as melhores práticas em nível mundial. Temos uma vice-presidente focada especificamente em ESG.

A exigência aqui é menor?

Aqui não existe apreciação tão clara por parte dos investidores em relação ao tema ESG. Na Europa, é difícil ter uma conversa com um investidor que não passe pelo ESG. Eles têm pessoas que escrutinam as empresas para verificar se estão cumprindo as regras.

O Brasil ainda não está nesse nível. Mas acreditamos que isso vai crescer e se tornar um tema cada vez mais relevante.

Qual é a exigência lá fora?

Lá há um escrutínio muito grande em relação ao que são as práticas concretas e mensuráveis. Não pode ser um programa simplesmente com boas intenções. Os investidores olham e premiam, de fato, quem consegue corresponder às expectativas. Nós, por exemplo, temos uma política ativa de promoção para mulheres. Em nível global, temos 25% de mulheres no grupo e vamos chegar a 30% até 2025. São metas concretas.

Para o investidor, há um peso diferente entre o social, ambiental e a governança?

Governança é uma precondição para os investidores aplicarem seus recursos. Boa governança quer dizer ter boas práticas éticas e ter profissionais experientes. O ambiental também passa a ser um tema crítico.

Os investidores exigem saber qual é a política ambiental, de sustentabilidade e de combate às alterações climáticas, ainda mais para a EDP, que tem algumas emissões de CO2. Eles querem saber como, quanto e quando vamos reduzir. No social, os investidores ainda não têm o mesmo nível de escrutínio.

Onde o carvão ainda está presente no grupo?

Hoje temos na península ibérica e no Brasil. Cerca de 74% da nossa geração já é com energias renováveis. Vamos para 100% em 2030. O carvão representa 5% dos resultados totais. Já fechamos algumas na Europa e outras estão em fase de fechamento. Aqui, temos uma central muito eficiente. Estudamos algumas alternativas.

Qual fonte é prioridade para o grupo?

Mais de 95% do nosso histórico é eólico. Vimos que a eólica era muito competitiva. Mas o custo da solar caiu muito. Hoje, dependendo da região, usamos a eólica ou a solar, ou, às vezes, as duas.