Brasil não assina acordo Mercosul-UE se não houver ajustes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia não será firmado sem que haja um ajuste que contemple as condições do Brasil.
Segundo Lula, não é de interesse do país abrir a possibilidade de participação externa no setor de compras governamentais enquanto a indústria nacional precisa de estímulo.
“Nós estamos agora para fazer um acordo com a União Europeia. Vocês já devem ter lido no jornal que o Brasil está para concluir um acordo com a União Europeia e o Brasil não quer assinar o acordo sem que haja um ajuste nesse acordo”, disse o presidente em inauguração da nova linha de produção da fábrica da Eletra, empresa brasileira de produção de veículos elétricos.
“Se eles não aceitarem a posição do Brasil, não tem acordo, porque nós não podemos abdicar das compras governamentais, que são a oportunidade das pequenas e médias empresas sobreviverem nesse país.”
Por isso mesmo, voltou a defender o papel do Estado como indutor do crescimento, fortalecendo a indústria do país a partir da valorização do produto nacional.
“Aí que entra a importância do Estado… Cabe ao Estado brasileiro garantir a sobrevivência da indústria brasileira para que a gente possa um dia ser competitivo com o mundo exterior”, defendeu.
“Eu adoro que o Brasil participe do comércio mundial, eu adoro que o Brasil mantenha uma relação com todos os países do mundo… Mas em se tratando de negócio, eu prefiro fazer negócio com os brasileiros para fortalecer a indústria nacional.”
O acordo comercial foi fechado em 2019 após 20 anos de negociações, mas sua entrada em vigor depende do aval dos Parlamentos dos países europeus, ponto que ainda não avançou.
Na quinta-feira, em declaração ao lado do presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, Lula manifestou a expectativa de alcançar um acordo equilibrado entre o Mercosul e a União Europeia.
Em setembro, ainda durante a campanha eleitoral, Lula afirmou que o acordo do Mercosul com a União Europeia seria fechado em seis meses caso ele fosse eleito presidente da República.
Na cerimônia desta sexta-feira, Lula afirmou que pediu ao ministro da Educação, Camilo Santana, que avalie a renovação da frota escolar, dando prioridade à produção nacional e a veículos ambientalmente mais sustentáveis, caso dos automotivos produzidos pela Eletra.