Brasil na Opep+: Veja qual é o poder do cartel de produtores de petróleo
O Brasil pode se tornar membro da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em janeiro, segundo a agência de notícias Reuters. Embora o governo brasileiro ainda não tenha confirmado a notícia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, não esconde o entusiasmo com a ideia.
Silveira está acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua viagem à Arábia Saudita, um dos mais importantes membros da Opep+. O ministro também deve participar de uma reunião da organização.
Para que o Brasil participe da organização, é necessário que sua candidatura seja aprovada por três quartos dos 13 atuais integrantes.
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Ainda segundo a Reuters, mesmo que ingresse no cartel, o Brasil estuda ficar de fora do sistema de cotas de produção, principal mecanismo de regulação da oferta adotado pela Opep+ para regular os preços internacionais. Nesta quinta-feira (30), por exemplo, a Opep+ aprovou uma nova redução voluntária na produção de seus membros, da ordem de 2 milhões de barris por dia, a partir do começo de 2024.
Mas, afinal, o que é a Opep+ e qual o seu verdadeiro poder, num mundo que caminha para a transição energética, em meio a mudanças climáticas que já transformaram 2023 no ano mais quente de que se tem notícia? Conheça, a seguir, um pouco mais sobre a Opep+ e sua capacidade de influenciar o mundo.
Opep+ concentra 80% das reservas provadas de petróleo do mundo…
Fundada em setembro de 1960 por cinco países (Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela), a Opep+ conta, atualmente, com 13 países-membros: Arábia Saudita, Argélia, Angola, Congo, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Guiné Equatorial, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela.
Em 2021, o cartel de produtores e exportadores concentrava 80,4% das reservas provadas de petróleo do planeta, o equivalente a 1,2 trilhão de barris de óleo cru. Venezuela, Arábia Saudita e Irã são os integrantes com maiores reservas, respondendo, respectivamente, por 24,4%, 21,5% e 16,8% de todo o petróleo do mundo.
… Mas responde por apenas 36% da produção mundial
Cientes de que o petróleo é uma fonte não renovável de energia, os países-membros da Opep+ são bastante comedidos na produção. Segundo a edição mais recente do Statistical Review of World Energy, elaborado em conjunto pelas consultorias KPMG e Kearny, e pela Heriot Watt University, a Opep+ produziu uma média de 34 milhões de barris por dia em 2022.
O volume representa 36,3% dos 93,8 milhões de barris diários produzidos pelo mundo no mesmo ano. Essa porcentagem é explicada por dois fatores. De um lado, ao conter a oferta de óleo, a Opep+ segue o objetivo estabelecido pelo seu estatuto, isto é, “conceber caminhos e meios para assegurar a estabilização dos preços nos mercados internacionais de petróleo, visando eliminar flutuações danosas e desnecessárias.”
A reação das nações que não integram o cartel foi reduzir ao máximo sua dependência. Para tanto, investiram na prospecção de novos campos e na produção independente. A produção de óleo de xisto, nos Estados Unidos, e a descoberta do pré-sal, no Brasil, são dois exemplos.
Brasil na Opep+ vai ditar preços globais de petróleo?
Mesmo que outros países procurem se desvencilhar da dependência do cartel, o petróleo é uma commodity internacional, o que significa que os preços convergem para uma referência. Uma das mais poderosas é a ORB (Opec Reference Basket), que fornece uma cotação média diária do barril, a partir dos preços praticados nos 13 principais campos produtores dos atuais membros.
Data | ORB (US$/barril) | Brent (US$/barril)* |
---|---|---|
15/nov | 84,82 | 81,18 |
16/nov | 82,22 | 77,42 |
17/nov | 81,08 | 80,61 |
20/nov | 84,44 | 82,34 |
21/nov | 84,75 | 82,48 |
22/nov | 84,46 | 81,88 |
23/nov | 83,78 | 81,25 |
24/nov | 84,16 | 80,48 |
27/nov | 82,75 | 79,87 |
28/nov | 83,4 | 81,47 |
29/nov | 83,89 | 82,88 |
*contratos com vencimento em fevereiro |