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Brasil largou primeiro contra a inflação, mas está perdendo a corrida para o choque de oferta

26 jan 2022, 12:49 - atualizado em 26 jan 2022, 12:49
Inflação não oferece segurança de redução mesmo com variáveis que deveriam estar funcionando (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu um pouco em dezembro, sobre novembro, mas no ano finalizou em 10,06%, 3,75% acima da meta de 5,25%. Nesta quarta (26), também do IBGE, o IPCA-15, prévia da inflação do mês, apurou 0,58% de alta em janeiro, contra 0,78% de dezembro, mas acima do que os economistas esperavam.

Com esses indicadores, fica claro que a política monetária contracionista, com sete altas de Selic desde o primeiro semestre de 2021 (9,25%), não está conseguindo achatar a taxa inflacionária.

“Mesmo iniciando o aperto monetário antes das economias centrais, os dados de inflação seguem superando as expectativas de mercado”, observa o analista de macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets, Alef Dias, para quem, também, ainda não houve total acomodação das elevações anteriores da Selic..

Às vésperas de nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (Bacen), com apostas de 1,5 ponto percentual de elevação dos juros básicos, outros fundamentos que deveriam ser deflacionários também não apresentam resultados.

A empresa global de gestão de risco e inteligência de mercado em commodities também alinha outros fundamentos que deveriam ser deflacionários, mas que não apresentam resultados. Dias alinha a estagnação econômica e a melhora do déficit fiscal.

O choque de oferta da economia global, segundo ele, explica parte da inflexão da inflação, que também, pelo lado do câmbio, não encontra resistência em sua trajetória de alta em 2022.

Alef Dias acredita que o “aperto monetário iniciado nos EUA” (que nesta quarta divulga possível alta do juros para março), e que teria reduzido o diferencial de juros frente aos títulos brasileiros, “não tem gerado grande impacto sobre o real”.