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Dia da Saúde Mental: Brasil já vivia epidemia de ansiedade antes mesmo da Covid-19; veja os sinais de burnout

10 out 2022, 14:39 - atualizado em 10 out 2022, 14:43
Trabalho e saúde mental
A ansiedade e o burnout são temas recorrentes quando se trata de saúde mental e trabalho (Imagem: Elisa Ventur/Unsplash)

No dia 10 de outubro, esta segunda-feira, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental. Com a pandemia da Covid-19, burnout e tantos outros assuntos, o tema ganha espaço dentro e fora do ambiente corporativo.

O Brasil, nesse sentido, enfrenta vários desafios. O país é considerado o mais ansioso do mundo, o segundo com maior número de trabalhadores afetados pelo burnout e o quinto no ranking de pessoas com depressão.

A data, que foi instituída em 1992 pela Federação Mundial da Saúde Mental, propõe reflexões sobre saúde mental, assim como faz o Setembro Amarelo, dedicado à prevenção do suicídio.

Para o diretor de desenvolvimento de pessoas da ABRH Brasil e mestre em psicologia social, Luiz Edmundo Rosa, “o problema da saúde mental já vinha se agravando antes da pandemia”.

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Epidemia na saúde mental

O Brasil é o país mais ansioso do mundo, como revelou dados de um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019.

Há 18,6 milhões de brasileiros com diagnóstico de transtorno de ansiedade, o que equivale a 9,3% de todo o país.

A OMS classifica, inclusive, que o país vive uma epidemia de ansiedade, além de ocupar o quinto lugar no ranking de pessoas com depressão.

Já a última pesquisa sobre burnout, por exemplo de 2019 e realizada pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) indicava que 72% dos brasileiros sofrem alguma sequela de estresse.

Desses, 32% sofrem de burnout, tornando o Brasil o segundo país com maior número de trabalhadores afetados.

Para Rosa, esse cenário torna a questão da saúde mental absurdamente prioritária para as empresas no dia de hoje, que ainda estão muito aquém do desejado.

Ou seja, as empresas precisam tratar as ações ligadas à saúde mental com muita naturalidade, já que “a vida voltando ao normal não quer dizer que, por parte das empresas, está normal”, afirma.

Luiz Edmundo Rosa foi o coordenador do evento CONARH SAÚDE, realizado no dia 23 de agosto, dedicado a saúde mental corporativa (Imagem: Divulgação)

12 sinais de alerta de burnout

Em 2022, a síndrome de burnout passou a ser considerada pela OMS como doença do trabalho e, “se ocorrer um episódio de burnout dentro de uma empresa, ela pode ser responsabilizada. Há um risco trabalhista“, diz o diretor da ABRH Brasil.

O burnout é uma síntese de várias coisas, explica o especialista que acrescenta, “por ser uma síndrome não há uma causa específica, o que faz com que a pessoa, muitas vezes, não perceba o que tem”.

Como são muitos os sinais de alerta, Rosa lista os 12 mais comuns e podem ser suficientes para se iniciar um processo de ajuda com a orientação profissional de especialistas como psicólogos e psiquiatras.

Os 12 sinais foram colocados em uma escala de risco, divididos nas cores amarelo (leve), laranja (moderado) e
vermelho (grave).

Zona Amarela

1. Elevação da ansiedade: Viver ansiedade é algo normal em nossas vidas, mas quando ela cresce em demasia, e assim permanece, é um sinal de que algo não vai bem;

2. Aumento da irritabilidade: A forma alterada das pessoas reagirem, fora do esperado, com respostas bruscas e agressivas;

3. Alteração do nível de energia: Se alguns passam a chamar a atenção pelo excesso de energia e agitação, outros vivem o oposto, demonstrando cansaço e pouca motivação. Ficam mais quietos e isolados, rejeitando convites de amigos e colegas;

4. Falhas de memória: É o caso de pessoas que começam a se esquecer de horários e compromissos anteriormente assumidos.

Zona Laranja

5. Transpiração excessiva: Se transpiração ocorre acima do normal, e se torna frequente, é um sinal de alerta de que a pessoa está sob tensão. Pode indicar um nível elevado de estresse e a sua dificuldade para relaxar;

6. Insônia crônica: A perda regular do sono é uma séria ameaça à saúde e precisa ser logo corrigida. Podemos perceber pelos sinais cansaço, olheiras, olhos avermelhados, bocejos frequentes e irritabilidade;

7. Alteração de peso: Alguns sob estresse elevado, passam a comer descontroladamente e logo ganham peso. Contudo, há outros que perdem o apetite e emagrecem;

8. Taquicardia e pressão: Sob forte tensão, os batimentos cardíacos e a pressão arterial se elevam a ponto de alguns registrarem taquicardias abruptas e desconfortáveis. Um dos sinais é se sentir cansado e suar em demasia.

Zona Vermelha

9. Angústia profunda: Desconforto generalizado e indefinido com a sensação de vazio ou de que algo grave vai acontecer, respiração ofegante, falta de ar e calor;

10. Sentimento de desesperança: Quando a pessoa sofre de um conjunto de fatores negativos e persistentes, como angústia, insônia, estresse, a sensação de cansaço e desesperança se aprofunda;

11. Perda do sentido da vida: Quando o nível de estresse se agrava e a autoestima cai, tudo pode parecer difícil e sem sentido. Em meio ao desânimo e depressão, a pessoa muitas vezes verbaliza que sua vida não tem mais sentido;

12. Vontade de morrer: Se a depressão atingir um grau máximo, aprofunda a sensação de que não há saída, a não ser morrer. Demanda ajuda urgente, pois o sofrimento pode ser insuportável, com alto risco de vida.

Rosa afirma a importância do diálogo, para evitar situações como essas. Essa abertura começa pelas pelo treinamento das lideranças que assim criam um ambiente seguro para tratar sobre o tema.

É permitir falar sobre de coisas humanas e reais. “O diálogo já gera um grande alivio que gera uma solidariedade. É um aspecto individual, mas ao mesmo tempo coletivo, o coletivo é fundamental no processo de cura”, afirma.

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