Política

Brasil, Guiana e Suriname darão primeiros passos para aliança energética

20 jan 2022, 8:52 - atualizado em 20 jan 2022, 8:52
Jair Bolsonaro
A visita é a primeira viagem oficial de Bolsonaro à Guiana e ao Suriname e um reconhecimento da bonança compartilhada de petróleo e gás dos três países (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Os chefes de Estado do Brasil, Guiana e Suriname vão dar os primeiros passos nesta semana para construir uma infraestrutura que compartilhe melhor a energia e os recursos naturais dos países vizinhos na América do Sul.

O presidente Jair Bolsonaro deve chegar ao Suriname nesta quinta-feira e viajará na sexta-feira com o presidente do Suriname para a Guiana, onde os três planejam discutir projetos, incluindo novas estradas, pontes e projetos de energia que podem remodelar a economia da região.

A visita é a primeira viagem oficial de Bolsonaro à Guiana e ao Suriname e um reconhecimento da bonança compartilhada de petróleo e gás dos três países.

Entre os tópicos de discussão: uma estrada de 1.500 quilômetros do Estado de Roraima, no norte do Brasil, para um potencial porto de águas profundas na Guiana; e uma ponte de 1,2 quilômetro sobre um rio que separa a Guiana do Suriname.

Os links de transmissão elétrica e de comunicação por fibra ótica também são contemplados como parte de um corredor de energia entre as nações.

A interconexão proposta envolveria cerca de 800 milhões de dólares em projetos. As primeiras peças estavam programadas para começar em 2020 e foram adiadas em parte pela pandemia de coronavírus.

Os projetos devem ser financiados com investimento privado por meio de concessões governamentais, segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria.

O porto de 200 milhões de dólares para o qual a Guiana está buscando investidores pode emergir como um projeto-chave para unir as três nações. Ele seria capaz de lidar com importações e exportações de equipamentos pesados ​​da indústria petrolífera, grãos e navios porta-contêineres.

Os links de transmissão elétrica e de comunicação por fibra ótica também são contemplados como parte de um corredor de energia entre as nações (Imagem: Unsplash/@franckinjapan)

 

“O porto de águas profundas é uma parte importante de nossa agenda de transformação e queremos que o Brasil faça parte dela”, disse o secretário de Relações Exteriores da Guiana, Robert Persaud, à Reuters na quarta-feira. “A Guiana oferece o acesso mais curto e rápido ao Atlântico para partes significativas do norte do Brasil.”

O corredor de energia também pode incluir uma ambiciosa interconexão de energia de 3.000 megawatts entre a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e o Brasil. O projeto, batizado de Arco Norte e elaborado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, está na agenda dos presidentes.

A Guiana foi palco das maiores descobertas offshore do mundo em anos, com 10 bilhões de barris de petróleo e gás recuperáveis ​​confirmados desde que iniciou a produção em 2019 por meio de um consórcio liderado pela Exxon Mobil Corp.

O Suriname também poderá iniciar em breve sua primeira extração de petróleo de uma bacia offshore compartilhada com a Guiana e o Brasil, onde a Petrobras se prepara para perfurar este ano o primeiro dos 14 poços planejados, parte de um orçamento de exploração de 2 bilhões de dólares na Margem Equatorial até 2026.