Brasil fica em 2º lugar em ranking de geração ‘nem-nem’
O Brasil tem uma das maiores populações de jovens que não estudam e nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”. O dado é de um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicado em 2022.
De 37 países analisados, o Brasil figura em segundo lugar, ficando atrás apenas da África do Sul. Segundo o estudo Education at a Glance, 36% dos jovens de 18 a 24 anos não trabalham nem estudam.
Para a economia do país, isso tem um impacto direto no orçamento público, explica Bruna Centeno, economista e sócia da Blue3 Investimentos: “Toda vez que limito o acesso da população à educação ou à renda, a conta não fecha, e o governo deve suprir as necessidades dessas pessoas.”
Ela explica que, como consequência, mais recursos do orçamento público precisam ser usados para atender essa população, através dos programas sociais.
O problema também cria um ciclo vicioso, com efeitos de longo prazo no mercado de trabalho. “Quanto maior o número dessas pessoas, maior é o achatamento da nossa base da pirâmide social. Essa população fica cada vez mais distante do acesso à renda”, afirma.
Segundo a economista, a saída para esse problema chega, em tese, na educação. “Mas como falar para uma pessoa que ela precisa estudar e ter acesso à educação se ela precisa trabalhar desde cedo?”, pondera.
Na avaliação da economista, de acordo com a realidade do Brasil, o governo deve promover políticas sociais, mas com melhores parâmetros. “A população precisa de programas mais eficientes, inteligentes, com critérios que façam com que essas famílias saiam dessa realidade.”
Segundo Ivan Pereira, vice-presidente da MindLab, empresa de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias educacionais, as novas gerações também contam com novos desafios.
“Os jovens nunca tiveram tantas opções para escolher. Ao mesmo tempo, nunca vivemos um momento de dissonância tão grande entre a escola e a vida real”, afirma. Segundo ele, a “conexão da escola e o que você precisa no dia a dia no trabalho fica cada vez mais distante”.
O empresário também afirma que as vagas muita vezes exigem alto nível de educação, como tecnologia, “que muitas vezes não se conectam com a escola”. “E nem todos podem fazer faculdade”, ressalta.
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