Brasil faz 1º aniversário sem grau de investimento da Moody’s; o que mudou?
Gustavo Kahil é editor do Money Times – Publicado originalmente em Storia Brasil
Há exatamente um ano o Brasil perdia o grau de investimento e passava a ter uma avaliação de crédito considerada “lixo” – junk – pela agência de classificação de risco Moody’s. À época, ela foi a última das três grandes a revisar o país para o grau especulativo e o fez com um corte de dois degraus. A nota passou de Baa3 para Ba2 e com perspectiva negativa.
Segundo o comunicado da agência, assinado por Samar Maziad e Anne Van Praagh, as métricas de crédito tinham deteriorado substancialmente desde agosto de 2015 com a política econômica confusa de Dilma Rousseff. “Essa deterioração deve continuar ao longo dos próximos três anos, diante da magnitude do impacto à economia brasileira, da falta de progresso do governo para alcançar seus objetivos para as reformas econômica e fiscal, e das dinâmicas políticas, que devem persistir ao longo desse período”, explica.
Histórico da nota brasileira
Maziad e Praag argumentavam que a piora das contas públicas do governo continuaria aumentando durante o período de 2016 e 2018 e a dívida a aumentando até superar os 80% do PIB antes de estabilizar. O aumento da dívida do governo poderia, segundo eles, parcialmente refletir a demora do progresso esperado para um significativo ajuste fiscal e o atraso em reformas estruturais, dada a dinâmica política desafiadora.
E agora?
O país mudou bastante desde lá. Michel Temer assumiu a presidência em 31 de agosto e trouxe uma equipe econômica vista como um “time dos sonhos”. A melhora da economia, de fato, ainda não chegou. Entretanto, os sinais já estão se acumulando e a confiança dos agentes já está começando a crescer. Além disso, a reforma da Previdência está prestes a entrar na fase de votação, o que pode aliviar muito a situação fiscal do país.
Em visita recente ao país, o mesmo Maziad que criticou o Brasil, disse que “após a aprovação da reforma pelo Congresso, o Brasil terá uma posição mais favorável para rating e perspectiva”, comentou em uma entrevista concedida ao Estadão. Ele disse também que, se suas projeções para o calendário de mudanças estruturais se confirmarem, “é possível que em seis meses haverá uma nova avaliação de perspectiva do Brasil pela Moody’s”.
Ou seja, se a política nos colocou nessa enrascada, será ela também que vai nos tirar daqui.