Economia

Brasil está melhor que outros países no combate à inflação, avalia Bruno Serra do BC

08 nov 2022, 14:26 - atualizado em 08 nov 2022, 14:26
Bruno Serra Banco Central
De acordo com Serra, o choque de inflação chegou antes no Brasil, puxado pela variação do câmbio e a crise energética de 2021. (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

O Brasil foi rápido em agir no combate à inflação e o Banco Central reconhece isso. Para Bruno Serra, diretor de política monetária do Banco Central, o país está melhor que os seus pares em desenvolvimento ou na América Latina.

“Temos sido aplaudidos lá fora por reversão da inflação e revisão do crescimento. Temos à frente um cenário de inflação mais benigno que os nossos pares”, disse em evento realizado pela Moody’s, em São Paulo.

De acordo com Serra, o choque de inflação chegou antes no Brasil, puxado pela variação do câmbio e a crise energética de 2021. “A sensação era de que o Brasil era o canário na mina”.

No caso do câmbio, o real se manteve mais depreciado no pós-pandemia do que os seus pares, com uma depreciação de 30% a mais que países da América Latina, G10 ou emergentes. Essa questão foi mais sentida no preço dos alimentos.

Já o choque hídrico do ano passado foi o pior em quase 100 anos. “É um pouco do que a Europa está vivendo hoje, mas em uma escala menor”, afirma, destacando que os efeitos na alta da energia elétrica já estão se revertendo.

Reforma trabalhista

O diretor do Banco Central também destacou a queda na taxa de desemprego, que saiu de 14% durante a pandemia e hoje se encontra no patamar de 8,7% em setembro.

Ele também ressaltou que a recomposição salarial em países desenvolvidos é um dos fatores que está pressionando a inflação, como nos Estados Unidos.

“A queda recente foi espetacular e ainda não vemos um processo de aumento do salário real por aqui […] A reforma trabalhista trouxe efeitos importantes para redução da taxa natural de desocupação para médio e longo prazo”, afirma.

Desinflação

Serra aponta que as revisões de políticas monetárias por parte dos bancos centrais estão chegando a um equilíbrio e que, claro, a consequência disso é uma desaceleração na atividade econômica global.

No entanto, apesar do risco de recessão, a economia brasileira deve se sair bem nos próximos dois anos.

De 2015 para cá, a América Latina perdeu muito recurso para a Ásia, em especial a China. Agora, estamos retomando esse fluxo de investimentos e negócios, e o Brasil está muito bem posicionado.

Para o ano que vem, Serra afirma que as projeções de desinflação estão melhores por aqui do que em outros países, mas os preços de serviços continuam acima do patamar aceitável. “O Banco Central tem que trabalhar para ancorar a expectativa do IPCA 2024.”

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