Brasil está descontado e investidores gringos aproveitam para comprar ‘pechinchas’, diz Mario Mesquita, do Itaú
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Os investidores estrangeiros parecem ter recuperado parte do apetite por ativos brasileiros, devido aos preços descontados. Ao menos é o que disse o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, nesta terça-feira (18) no evento Macro em Pauta, após conversas com gringos.
“Tenho notado maior interesse no Brasil. Muitos investidores falam que os preços dos ativos ficaram tão baixos que começaram a enxergar certas pechinchas”, afirmou.
Vale destacar que o índice Ibovespa (IBOV) registrou perdas de 10,36% no acumulado de 2024.
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Mesquita pontuou ainda que a taxa de juros elevada também atrai os investidores — a Selic está no patamar de 13,25% e já tem mais uma alta de 1 ponto percentual (p.p.) no radar. A projeção do Itaú é de um aumento de, justamente, 1 p.p. em março e mais dois de 0,75 p.p. nas duas reuniões seguintes, se mantendo em 15,75% até o final do ano.
Segundo Mesquita, os investidores estão de olho em ações, títulos do governo brasileiro — como dívida externa —, e derivativos associados ao mercado de renda fixa.
Em relação à dívida externa, o economista-chefe do banco diz que a percepção é de que, devido à existência de reservas internacionais, é considerada relativamente segura e oferece um retorno satisfatório.
“Os investidores estão comprando primeiro, muito função do preço, para depois desenvolverem uma narrativa”, disse.
Entretanto, ele ponderou que não se trata de uma unanimidade. “Eu sinto uma predisposição mais favorável [em relação ao Brasil]. Mas não é unanime, há investidores ainda bastante céticos”, disse.
Investidores gringos na B3
Os investidores estrangeiros injetaram R$ 8,42 bilhões na bolsa de valores brasileira (B3) em de 2025, no acumulado até o dia 14 de fevereiro.
O fluxo externo em janeiro deste ano foi de R$ 6,82 bilhões, enquanto em fevereiro foi de R$ 1,59 bilhão, segundo dados da própria B3.
Em linha com a análise de Mesquita, o número destoa do registrado no ano passado, quando os gringos retiram R$ 24,2 bilhões da B3. Esse foi o pior desempenho em nove anos.
Em 2022 e 2023, os números foram positivos, de R$ 11,97 bilhões e R$ 55,95 bilhões, respectivamente.