Brasil enfrenta pressão contínua no combate ao coronavírus, diz OMS
Indicadores apontam que o sistema de saúde do Brasil, que tem o segundo maior número de infecções por coronavírus do mundo, enfrenta pressão contínua, afirmou a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta segunda-feira.
Mike Ryan, o principal especialista em emergências da OMS, disse em uma entrevista coletiva em Genebra que a taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) excede 80% em muitos locais do país e, em alguns casos, supera 90%.
“Sustentar isso por meses é uma tarefa quase impossível”, afirmou ele, atribuindo o mérito do funcionamento dos hospitais aos profissionais de saúde brasileiros.
O país já registra mais de 3 milhões de casos confirmados de Covid-19, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, além de mais de 101 mil mortes.
Ryan ressaltou que, apesar de a curva do vírus parecer levemente achatada, o contágio não apresenta redução.
“A taxa R ou número reprodutivo da doença varia entre cerca de 1,1 e 1,5, então a doença ainda está se espalhando ativamente pela maior parte do país”, disse ele, acrescentando que o índice de testes positivos para o vírus segue acima de 20% em muitos casos.
Em uma série de tuítes no domingo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.
Mesmo admitindo que não existe “ainda comprovação científica” da eficácia do medicamento, o presidente afirma taxativo que o remédio “salvou a minha vida e, como relatos, a de milhares de brasileiros”.
O especialista da OMS, no entanto, reitera que não há comprovação científica de eficácia do medicamento contra a malária para tratar a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
“É direito soberano de qualquer nação decidir o que acredita ser o melhor tratamento e curso de ação para o manejo clínico da doença.
Atualmente, de todos os ensaios clínicos randomizados que foram publicados, a hidroxicloroquina não se mostrou um tratamento eficaz contra a Covid-19”.
“Em uma situação como essa, a hidroxicloroquina não é uma solução e nem uma bala de prata”, completou Ryan.
(Atualizado às 11h59)