Economia

Brasil “encontrará modo” de flexibilizar teto, mas evitará estender auxílio emergencial

04 dez 2020, 12:06 - atualizado em 04 dez 2020, 12:06
Auxílio Emergencial Desemprego Multidão Filas
O Morgan Stanley segue avaliando que a recuperação brasileira se mantém “claramente” à frente da mexicana (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O governo Bolsonaro “encontrará um modo” de flexibilizar o teto de gastos em 2021, mas sem estender o auxílio emergencial, evitando abandonar todas as regras fiscais no próximo ano, disse o Morgan Stanley (MS) nesta sexta-feira, prevendo que, mesmo sem o coronavoucher, a economia ainda terá espaço para crescer no começo do ano com as famílias munidas de poupança.

A avaliação vem um dia depois de dados do Produto Interno Bruto (PIB) mostrarem crescimento recorde da economia no terceiro trimestre, mas abaixo do esperado.

A poupança também seria baseada no fato de muitos serviços que impactam segmentos de renda mais alta — como viagens — seguirem limitados.

“Contanto que as regras fiscais não sejam quebradas e com a inflação permanecendo sob controle, um ambiente de baixas taxas de juros deve ajudar a estender a recuperação (econômica)”, disseram Fernando Sedano, Thiago A. Machado e Lucas Almeida no relatório desta sexta.

Os profissionais calculam que o PIB brasileiro voltará aos níveis pré-pandemia no terceiro trimestre de 2021, à frente do maior rival na América Latina, o México, que deverá retomar esse patamar no terceiro trimestre de 2022.

O Morgan Stanley segue avaliando que a recuperação brasileira se mantém “claramente” à frente da mexicana, cenário que para o banco deve se manter nos próximos trimestres.

Em novembro, o principal índice da Bolsa brasileira saltou 18,4% (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

O real avança 4,9% ante o peso mexicano desde a eleição norte-americana de 3 de novembro. No mesmo período, o Ibovespa (IBOV) salta 18,4%, e o principal índice das ações do México sobe um pouco menos: 17,3%.

Mas os riscos para ambos os países seguem presentes, entre os quais uma forte segunda onda de Covid-19 e aumento de mortes pela doença a ponto de levar a novos declínios nas taxas de mobilidade.

Além disso, “em algum momento” os mercados deverão ficar mais seletivos e punir economias que viram pioras “significativas” em suas métricas fiscais e de dívida pública.

“É aí que as coisas podem jogar a favor do México em relação ao Brasil, mas ainda é cedo demais para dizer e não podemos descartar que a austeridade fiscal mexicana possa ficar em risco à frente”, disseram os analistas.