Brasil é ‘viciado em gasto público’: Inflação pode bater os 7% se não houver ajuste fiscal, diz Mansueto, do BTG
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A inflação brasileira pode oscilar entre 6% e 7% nos próximos anos se o governo não fizer um ajuste fiscal. É isso o que diz o economista-chefe, do BTG Pactual, Mansueto Almeida, ao avaliar que a política econômica perdeu parte da credibilidade devido ao ritmo acelerado do crescimento da dívida pública.
Segundo Mansueto, 2025 será um ano de menor crescimento e taxa de juros mais elevada. O economista projeta que, após um provável Produto Interno Bruto (PIB) de 3,3% em 2024, a economia brasileira deve desacelerar para 1,5% a 2% em 2025.
A falta de um ajuste fiscal mais sólido também é apontada como um dos principais fatores para a piora das projeções inflacionárias. “Estamos falando de um país viciado em gasto público”, alertou no evento BTG Summit 2025, destacando que entre 1995 e 2015 o crescimento médio real das despesas federais foi de 6% ao ano.
Mesmo com uma carga tributária elevada — de 34% do PIB —, o economista destaca que o Brasil ainda opera com contas no vermelho. O ritmo de crescimento da dívida pública “preocupa”: a projeção do BTG é que atinja 84% do PIB em 2025, sem uma previsão clara de estabilização. “Com as regras fiscais que temos hoje, não conseguimos responder quando a dívida vai parar de crescer”, disse.
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O governo também perdeu confiança do mercado ao revisar metas fiscais em menos de um ano. Além disso, a divulgação do pacote fiscal foi acompanhada do anúncio da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, aumentando o consumo sem garantir que haverá compensação para essa renúncia fiscal.
Apesar do momento de incerteza, Mansueto ressalta que o Brasil não enfrenta os problemas estruturais que levaram à recessão de 2015 e 2016, como dificuldades no setor de energia, petróleo e imóveis. “O que estamos passando é um momento de incerteza e inflação alta, mas é bem diferente de 2015 e 2016. Não tem nenhum grande problema setorial”, avalia.
Segundo o economista, “não é difícil consertar o Brasil”. Ele defende um compromisso claro do governo com o controle dos gastos, ao invés do aumento impostos. “Não vamos conseguir fazer o ajuste fiscal aumentando a carga tributária”, afirma.
Mansueto acredita que, se forem dados os sinais corretos, a economia brasileira pode melhorar “rapidamente”. “O Brasil ficou tão barato que, mesmo com as incertezas, os investidores internacionais olham os preços e começam a se animar”.
O desafio, no entanto, está na capacidade do governo de convencer o Congresso e a sociedade sobre a necessidade de um ajuste fiscal consistente.