Brasil e emergentes enfrentarão problemas em 2023; é a mensagem de ex-secretário do Tesouro americano
Em entrevista realizada na última sexta-feira (2) à Bloomberg TV, Larry Summers, ex-secretário do Tesouro americano, deu sua análise sobre a atual condução da política monetária do Federal Reserve e o impacto da alta de juros para as economias desenvolvidas e emergentes, como o Brasil.
Face à persistência da pressão inflacionária nos Estados Unidos, Summers já não crê que uma taxa terminal em 5% será o suficiente para dar conta de trazer a inflação de volta à meta oficial.
Longe do otimismo que coloriu os pregões de novembro em Wall Street, e em aproximação à ala mais ‘bullish’ do Fed, o homem forte de Bill Clinton na economia entende ser possível que os juros nos EUA ultrapassem os 6% em 2023.
A elevação a este patamar concretizaria a política monetária mais contracionista da autoridade monetária desde a crise do Dot-com (a bolha da Internet), no final da década de 1990 e início dos anos 2000.
Brasil e emergentes na berlinda dos juros
As consequências desse avanço contracionista não seriam restritas às economias desenvolvidas e devem, fatalmente, contaminar as perspectivas de crescimento econômico para países emergentes, como o Brasil: “Será uma recessão de juros relativamente altos, não a recessão de juros baixos que vivemos recentemente”, disse Summers.
A permanência de juros altos nos EUA dificulta a alocação de investimentos estrangeiros no Brasil, uma vez que a rentabilidade de títulos da dívida e outros ativos de renda fixa se tornam mais atrativos em uma economia comparativamente mais forte que a brasileira.
O menor dinamismo da economia americana para 2023 também é má notícia para os mercados acionários domésticos, à medida que a aversão ao risco globalizada acaba penalizando a perspectiva de lucro e retorno sobre os papéis.
Segundo a projeção mais atualizada do Boletim Focus, o PIB brasileiro deve crescer 3,05% ao final de 2023, enquanto a Selic pode alcançar 11,75%.