Brasil é caso “mais exacerbado” entre emergentes de descompasso entre commodities, moeda e inflação, diz Campos Neto
O Brasil é o caso “mais exacerbado” no mundo emergente em que a moeda não tem acompanhado a valorização das commodities, o que acaba gerando mais inflação, disse nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também afirmando que a economia doméstica deve experimentar reabertura mais rápida com a vacinação de grande parte dos grupos de risco em dois ou três meses.
O real cai 9,4% ante o dólar em 2021, em termos nominais, segundo pior desempenho global e melhor apenas que a lira turca, que perde cerca de 11%.
As commodities medidas pelo índice CRB saltam 10,2% neste ano, enquanto a inflação pelo IPCA-15 está em 5,52% em 12 meses até março, bem acima da meta de 3,75% deste ano.
Campos Neto destacou ser impossível discutir qualquer cenário sem falar de pandemia e que duas coisas tiram seu sono: a necessidade de reabertura da economia –e, por tabela, de vacinação em massa– e o descontrole fiscal, que, por sua vez, reduz a eficiência da política monetária.
“Para todo o nosso cenário se concretizar, precisamos de uma reabertura da economia. Para isso, precisamos de uma vacinação que seja eficiente, para que as pessoas voltem a suas vidas normais”, disse o chefe do BC, lembrando o conceito do “scary effects”, que Campos Neto explicou como efeito medo de retomar rotinas.
Do lado fiscal, o presidente do Bacen citou que o Brasil só não é mais endividado entre países em desenvolvimento do que Angola e Líbia.
“É muito difícil você segurar o monetário quando o fiscal está descontrolado”, afirmou. “Precisamos ter um pano de consolidação fiscal. Sempre digo que, nesse sentido, o BC não é o piloto, é o passageiro. Se a gente não conseguir achar equilíbrio fiscal, o lado monetário fica bem menos eficiente.”
(Atualizada às 15h26)