Brasil é beneficiado por empresas que convivem bem com inflação, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil tem sido beneficiado pela percepção de que há empresas grandes que convivem bem com inflação, dado o histórico do país.
A percepção, segundo ele, explicaria em parte o direcionamento de recursos para companhias brasileiras listadas na bolsa, em um momento em que há “rotação de carteiras”.
“[Faz parte de um] Movimento de rotação que começou entre ações dos Estados Unidos, para então ir para países emergentes”, disse Campos Neto em evento promovido pelo BTG Pactual nesta terça-feira (22).
Os investidores estrangeiros aportaram R$ 23,31 bilhões no acumulado mensal até 17 de fevereiro, segundo dados da B3; o acumulado anual chega a R$ 55,80 bilhões.
O movimento mantém o Ibovespa em alta de mais de 7% neste ano, enquanto investidores evitam os mercados acionários nos EUA, que estão no vermelho em 2022.
“Havia a percepção de que, com a perspectiva de aumento de juros nos EUA, os mercados emergentes sofreriam muito”, ponderou o presidente do BC.
“Mas quando a gente vê hoje um movimento de rotação, saindo de um P/L [preço sobre lucro] mais alto, para PLs mais baixos”.
O Fed, o BC americano, manteve em 26 de janeiro a taxa de juros do país entre 0% e 0,25% e sinalizou a primeira elevação em março.
Já a autoridade monetária brasileira segue elevando a Selic desde março do ano passado. A taxa básica de juros está atualmente em 10,75%, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumula alta de 10,38% nos últimos 12 meses, segundo dados do IBGE em janeiro.