Brasil deve ter frente fria mais intensa do ano e gera preocupação para trigo
A partir desta quarta-feira, uma frente fria que pode ser a mais intensa do ano deve atingir o Brasil, principalmente na região Sul, e a possibilidade de geadas gera preocupação sobre os efeitos para a safra de trigo que está em desenvolvimento.
“Dificilmente o Brasil poderá experimentar outra onda de frio como esta ainda este ano”, informou o Climatempo em nota, citando que há condições para nevar em áreas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina nos dias 20 a 21 de agosto.
Rio Grande do Sul e Paraná, onde o frio também deve ser intenso, lideram a produção do cereal de inverno.
Caso perdas venham ser registradas, o país, um grande importador do produto, potencialmente teria que aumentar suas compras externas.
Segundo o Climatempo, também deve gear nos Estados do Sul, além do oeste de São Paulo, junto ao Mato Grosso do Sul, e a previsão é que a onda de frio comece a se afastar do país no domingo.
Apesar de afetar parcialmente regiões como São Paulo e Mato Grosso do Sul, o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, descarta a possibilidade de prejuízos climáticos para cultivos perenes de cana e café.
“A frente fria ficará só até domingo. Na segunda-feira as temperaturas já voltam a subir e, até o momento, não há chance de impactos negativos para outras culturas além do trigo”, disse.
Ele ressaltou que, no Paraná, uma parcela significativa da segunda safra de milho 2019/20 já foi colhida e o percentual que ainda não foi, já está desenvolvido.
“Se ocorrer uma geada (no Paraná), ela deve pegar mais no sul do Estado, onde há trigo… e pode ter problema em regiões como Pato Branco, Guarapuava”, afirmou Santos.
Levantamento mais recente do Departamento de Economia Rural do Estado (Deral), divulgado na terça-feira, indicou que 83% das lavouras de trigo ainda são consideradas boas.
No entanto, somente 14% estavam em fase de maturação, estágio em que a possibilidade de danos climáticos fica afastada.
O analista do Deral Carlos Hugo Godinho alertou que pelo menos dois terços das áreas cultivadas com o cereal ainda estão suscetíveis a problemas causados pelo clima.
Até então, a expectativa é que a colheita paranaense alcance 3,68 milhões de toneladas nesta safra, alta de 72% em relação à temporada anterior, quando as lavouras passaram por prejuízos climáticos, principalmente geadas.
No Rio Grande do Sul, o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri, disse que, com a chegada desta frente fria, a geada está na iminência de ocorrer.
“Tendo geada, com certeza vamos ter algum prejuízo mas o tamanho dele vai depender do tamanho que o evento vai ter”, comentou.
Para ele, existem lavouras que estão extremamente vulneráveis ao clima, dado o estágio de evolução da planta.
Na hipótese de confirmação das geadas, a região noroeste do Estado pode ter os maiores prejuízos, enquanto as áreas de trigo do nordeste gaúcho podem ter as perdas menores, estimou Rugeri.
Neste safra, produtores estavam mais capitalizados e investiram no cultivo de trigo no Rio Grande do Sul, com possibilidade de produção de 3 milhões de toneladas, o que contribuiria para que o país ultrapassasse a marca de 7 milhões de toneladas, desde que o clima não atrapalhe.