Brasil continuará sendo importador líquido de etanol
Um aumento na produção de etanol esperado para o Brasil, o segundo maior mercado mundial do biocombustível, não será suficiente para atender à crescente demanda e o país continuará importando o produto dos Estados Unidos para cobrir o déficit.
De acordo com analistas da S&P Global Platts, a demanda por etanol no Brasil vai avançar cerca de 2,5% por ano nos próximos anos, devido a uma nova política federal (RenovaBio) de impulso ao seu uso e à vantagem de preço em relação à gasolina no mercado local. Isso significa que o país precisará de 5 bilhões de litros a mais até 2025.
“Mesmo com a nova capacidade que vem das plantas de etanol de milho, isso não será suficiente para atender à crescente demanda”, disse nesta quarta-feira Beatriz Pupo, analista sênior de biocombustíveis da Platts.
“O Brasil continuará sendo um importador líquido do combustível”, afirmou Pupo durante uma das diversas apresentações realizadas em São Paulo, que recebe nesta semana o evento bianual Sugar Dinner.
Exportadores norte-americanos devem continuar fornecendo etanol para o Nordeste, uma vez que as usinas do centro-sul brasileiro não terão oferta suficiente para enviar à região mais ao norte, já que a demanda em Estados como São Paulo e Minas Gerais continua forte.
Nicolle Monteiro de Castro, especialista sênior de preços da Platts, projeta que o Nordeste terá um déficit de etanol de 1,04 bilhão de litros de agora a fevereiro de 2020.
“Mesmo com a taxa de importação de 20% aplicada aos volumes que ultrapassam a cota livre de tarifas, as importações vão continuar acontecendo. Não há nenhum aumento de produção previsto para o Nordeste”, disse ela.
Pupo afirmou que os EUA estão a caminho de um superávit de etanol de 6 bilhões de litros por ano. O Nordeste continuará sendo um mercado lógico para esse volume, devido à proximidade aos portos do Golfo norte-americano.
Ela acrescentou que o Brasil exportou alguns volumes para a Califórnia por conta das melhores credenciais ambientais do etanol de cana em relação ao etanol produzido com milho nos EUA, o que leva a prêmios de preço de até 0,80 dólar por galão. Esse, porém, é basicamente o único mercado norte-americano em que o Brasil consegue competir.