Economia

Brasil ainda está longe de janela para reduzir juro, diz Loyola

16 mar 2023, 16:40 - atualizado em 16 mar 2023, 16:40
Loyola 
“É cedo demais para falar em corte da Selic. Temos a inflação fora da meta e um problema fiscal que não foi resolvido”, afirma Loyola (Imagem: Banco Central/Antônio Cruz)

O Banco Central deve evitar qualquer sinalização de corte da taxa de juros em breve, mesmo que o governo anuncie o novo arcabouço fiscal antes da decisão do Copom da próxima quarta-feira, diz Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria.

O Copom pode incluir algum “gesto” positivo para o governo no comunicado da decisão da próxima semana, reconhecendo avanços sobre o plano fiscal, mas sem sinalizar claramente um corte de juros para a reunião seguinte, de maio, como vem precificando parte do mercado, segundo Loyola.

Mercado antecipa aposta em corte de juro com temor sobre crédito

“É cedo demais para falar em corte da Selic. Temos a inflação fora da meta e um problema fiscal que não foi resolvido”, afirma Loyola, que liderou a autoridade monetária do país em dois períodos, o último deles de 1995 a 1997.

Ainda que a regra fiscal seja bem recebida, os investidores ainda precisariam aguardar a aprovação do Congresso, diz. Ele espera um corte de juros apenas em setembro, embora admita que a redução possa vir antes se um “arcabouço robusto´´ for aprovado ou se a economia se deteriorar com a tensão externa.

Governo finaliza arcabouço fiscal, depende da bênção de Lula

Turbulência nos bancos

Ainda não há “nada de concreto” sobre um impacto na economia brasileira oriundo das turbulências geradas pelo Credit Suisse na Europa e pelo Silicon Valley Bank nos Estados Unidos, de acordo com Loyola, que não vê indícios de uma crise global semelhante à de 2008. “Os reguladores americanos e europeus estão agindo e a crise não deve se espalhar.”

‘Índice do medo’ de emergentes dispara com turbulência global

Se em algum momento a turbulência levar o Federal Reserve dos EUA a flexibilizar sua política monetária, o Brasil terá espaço para fazer o mesmo, mas este não é o cenário mais provável agora, segundo o ex-presidente do BC.

Analistas esperam que o Fed suba suas taxas em 0,25 ponto percentual em sua decisão de política monetária na quarta-feira, que ocorrerá poucas horas antes da definição do BC brasileiro. O Banco Central Europeu elevou nesta quinta-feira sua taxa em 0,50 ponto percentual, não confirmando a visão de alguns investidores de que a turbulência financeira levaria o BCE a desacelerar o ritmo de aperto para 0,25 ponto.

O Banco Central do Brasil vai avaliar atentamente os riscos do cenário global para a economia doméstica, mas sua decisão continuará focada em fatores locais, tendo o combate à inflação como “principal prioridade”, disse Loyola.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar