Brainard, do Fed, diz que controlar inflação é “tarefa mais importante”
Controlar a inflação, que bateu uma máxima em quase 40 anos, é a “tarefa mais importante” que o Federal Reserve (Fed) enfrenta no momento, disse a diretora do Fed Lael Brainard em comentários preparados para audiência no Senado na quinta-feira sobre sua nomeação para o cargo de vice-chair do banco central dos EUA.
“Estamos vendo a retomada mais forte no crescimento e declínio no desemprego dentre qualquer recuperação nas últimas cinco décadas”, disse Brainard.
“Mas a inflação está muito alta e os trabalhadores de todo o país estão preocupados com até onde seus contracheques aguentam. Nossa política monetária está focada em reduzir a inflação para 2% enquanto sustenta uma recuperação que inclui a todos. Esta é nossa tarefa mais importante.”
Brainard deve fazer seu depoimento, em uma sessão que pode marcar o início de uma disputa partidária e potencialmente amarga sobre a composição da diretoria de sete membros do Fed.
Apenas quatro desses assentos estão ocupados no momento, e as nomeações pendentes de Biden inclusive uma para o posto de segundo vice-chair para supervisão de regulação financeira podem promover o que ele e seus apoiadores democratas consideram que deveria ser um papel maior do Fed em questões climáticas e uma mão mais firme com Wall Street.
Brainard, uma democrata nomeada pela primeira vez para o Fed em 2014 pelo então presidente Barack Obama e confirmada na época por 61 votos a 31, seria uma figura proeminente nesse esforço.
Ela é uma veterana na formulação de políticas econômicas dos EUA e, em seus comentários, observou que “trabalhou na resposta de política (econômica) dos EUA a todas as grandes crises financeiras ao longo de três décadas” como integrante de administrações democratas anteriores e, recentemente, no Fed.
Como diretora do Fed, ela foi voto dissidente frequente contra medidas tomadas durante o governo do ex-presidente Donald Trump e sob o chair do Fed, Jerome Powell, para afrouxar a supervisão dos maiores bancos.
Ela defendeu que o Fed exigisse que empresas financeiras reservassem mais capital e se mostrou preocupada com o risco de autoridades do Fed estarem para trás em relação aos pares europeus na compreensão de como as mudanças climáticas podem afetar a macroeconomia e o sistema financeiro.
Grupos conservadores como o Club for Growth, como resultado, tentaram construir uma tese contra sua confirmação como vice-chair, e senadores republicanos sinalizaram que uma batalha está por vir: na audiência de confirmação de Powell nesta semana, um senador republicano perguntou se ele corria o risco de ficar em menor número (em linha de pensamento) se Brainard for confirmada junto com outras nomeações de Biden para a diretoria do Fed.
A audiência de confirmação de Brainard será realizada em conjunto com a de Sandra Thompson, indicada por Biden para o posto de diretora da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês). Thompson é atualmente a diretora interina da FHFA.
Mais Influência
O cargo de vice-chair do Fed tem um papel central na definição da política monetária, que agora está sendo deslocada dos programas de acomodação de condições financeiras implementados no início da pandemia para taxas de juros mais altas e outros esforços para domar a inflação.
As observações de Brainard são próximas ao roteiro de política monetária usado por Powell em sua audiência na terça-feira, quando disse que o Fed agirá conforme necessário com taxas de juros mais altas e outras medidas para garantir que a inflação retorne de seu elevado patamar atual para a meta de 2%.
Mas Brainard, como vice-chair, ganharia mais influência sobre questões como mudança climática e regulamentação de criptomoedas, em que a abordagem do Fed está em aberto.
Os vice-chairs do Fed são frequentemente chamados para liderar o desenvolvimento de novas políticas, e Brainard, estabeleceu uma ampla agenda sobre esses e outros tópicos.