Bradesco, Itaú, BB e Santander podem lucrar 14% menos com calote de empresas
A inadimplência de pequenas e médias empresas (PMEs), causada pela quarentena do coronavírus, deve cortar entre 6% e 14% dos lucros dos maiores bancos brasileiros – Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) – em 2020 e 2021.
A avaliação é do Credit Suisse, em relatório obtido pelo Money Times. Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia, que assinam o relatório, afirmam que as PMEs estão no “epicentro da chacoalhada econômica” causada pelas necessárias medidas de isolamento social e suspensão de atividades não-essenciais.
O trio lembra que muitas enfrentarão sérios problemas de caixa, caso seu faturamento caia por dois ou três meses.
Cenários
Este foi o caso da última grande recessão brasileira, entre 2015 e 2016, quando o PIB despencou 7%, e elevou a taxa de inadimplência das PMEs de4%, antes da crise, para 7% no terceiro trimestre de 2017.
O atual nível de calote das PMES é semelhante ao anterior à última recessão: 3,7%. Os analistas calculam que a taxa possa subir para 5% ou 7%, dependendo do cenário à frente. No mais otimista, a economia fará uma curva em “V”, isto é, cairá com força em 2020, mas se recuperará plenamente no ano que vem.
Exposição dos bancos às PMEs (R$ bilhões)
No cenário mais pessimista, a curva seria um “L”, ou seja, após uma forte queda, neste ano, a atividade econômica ainda levaria muito tempo para retornar ao patamar pré-coronavírus. Com isso, a inadimplência das PMEs pode alcançar entre R$ 57 bilhões e R$ 78 bilhões nos próximos 18 meses.
De acordo com o Credit Suisse, as simulações mostram que o Itaú Unibanco (ITUB4) seria o menos afetados entre os grandes bancos que cobre, com uma queda estimada nos lucros entre 5% e 10% no biênio 2020-2021.
O segundo menos prejudicado seria o Bradesco (BBDC4), com queda prevista de 7% a 13% nos lucros. O Banco do Brasil (BBAS3) vem em seguida, com corte de 7% a 14%. O Santander (SANB11) seria o mais afetado, com um lucro entre 8% a 17% menor.
Os analistas reforçam que as estimativas se baseiam num cálculo “supersimplificado” que não considera o mix específico de cada banco no segmento de PMEs.