Bradesco corta projeção para PIB do Brasil em 2025 e alerta para ‘quadro de recessão’ no 2º semestre
O Bradesco revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os anos de 2025 e 2026, refletindo um cenário econômico de maior volatilidade. Apesar das mudanças, o banco optou por manter a taxa Selic estável em sua previsão.
O banco reduziu sua estimativa para o crescimento do PIB para 1,9% em 2024. Em 2026, a expectativa é de uma expansão ainda mais modesta, em torno de 1,3%, embora os riscos sejam inclinados para um resultado um pouco melhor.
Fernando Barbosa, diretor de pesquisas e estudos econômicos, e sua equipe observam sinais crescentes de desaceleração econômica, reforçando a convicção de que o país enfrentará um quadro de recessão na segunda metade deste ano.
O investimento em capital fixo deve ser um dos setores mais afetados pelos juros elevados, enquanto o consumo das famílias pode encontrar algum suporte na massa salarial, mas ainda sofrerá com o aumento da taxa de desemprego e a menor expansão do crédito. Já o setor agropecuário segue como o único segmento com desempenho consistente.
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Quanto à inflação, o banco projeta um IPCA de 5,7% para 2-25, com desaceleração para 3,4% em 2026. A alta dos preços ainda deve refletir os impactos da depreciação cambial, a inércia inflacionária e as surpresas no crescimento econômico, especialmente nos núcleos.
No entanto, com os efeitos da política monetária se tornando mais evidentes e a redução do impulso fiscal, espera-se uma desaceleração gradual da inflação ao longo dos próximos anos.
O câmbio também segue como um fator relevante nas projeções do Bradesco. Apesar da recente valorização do real, o banco manteve sua estimativa de uma taxa estável em R$ 6 por dólar em 2025, sob a premissa de que o arcabouço fiscal será cumprido até o fim do atual mandato presidencial.
Diante desse cenário, o Bradesco manteve sua projeção para a Selic ao final de 2025 em 14,75% e para 2026 em 11,25%.
Este ano, os juros devem atingir o pico de 15,25% na reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom). O ciclo de flexibilização monetária deve começar em dezembro, impulsionado pela desaceleração da atividade econômica.
“Acreditamos que, ao final do ano, os modelos do Banco Central indicarão uma inflação menor para o horizonte relevante vigente, em comparação com a projetada para o atual horizonte relevante”, dizem os economistas.