Bradesco (BBDC4) terá ‘ponto de inflexão’ no 2T24? Veja o que esperar de balanço da próxima segunda
Após o Santander (SANB11), o Bradesco (BBDC4) divulgará o seu resultado do segundo trimestre na próxima segunda (5) com a expectativa de sinais de recuperação nos principais indicadores, após números considerados frustrantes nos últimos meses. Aliás, a filial do banco espanhol colocou alguma pressão no Bradesco, já que a instituição, que divulgou no dia 24 de julho, reportou melhora no lucro e no ROE (retorno sobre o patrimônio líquido).
Para o Santander Corretora, o Bradesco lucrará R$ 4,2 bilhões, queda de 5% no ano, mas melhora trimestral de 2%, com retorno sobre o patrimônio líquido de 10,7% no segundo trimestre de 2024.
Veja na tabela abaixo:
Lucro | Anual % | |
---|---|---|
XP | R$ 4,4 bi | -2% |
Genial | R$ 4,4 bi | -2% |
JPMorgan | R$ 4,3 bi | -3% |
Itaú BBA | R$ 4,3 bi | -3% |
Santander | R$ 4,2 bi | -5% |
Consenso Bloomberg | R$ 4,3 bi | — |
Segundo a corretora, o banco deverá observar crescimento no crédito, beneficiando a receita. Por outro lado, a margem financeira poderá prejudicar essa melhora, dadas as expectativas de taxas de juro mais altas.
Os analistas destacam ainda que a recuperação dos lucros do Bradesco é um longo caminho. “Esperamos que os resultados do segundo trimestre sejam piores do que as expectativas consensuais. Mesmo assim, ainda vemos o ponto médio da orientação final implícita da administração como alcançável em 2024”, coloca.
Ou seja, os analistas estão confiantes que o Bradesco vai entregar o que prometeu no seu guidance (projeções).
Do lado dos empréstimos, a corretora vê a carteira de crédito do banco de Osasco com alta de 4%, impulsionada pelas carteiras de pessoas físicas e jurídicas, enquanto a carteira de pequenas e médias empresas (PMEs) deverá continuar defasada.
No caso da qualidade dos ativos, os analistas veem NPL (os empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes) com melhora de 20 pontos-base, para 4,8%, principalmente devido à carteira individual, apesar das dificuldades esperadas no segmento de PME.
Além disso, o Santander espera que as despesas de provisionamento aumentem 6% em termos trimestrais, traduzindo-se num índice de cobertura praticamente estável de 163%.
Por fim, os analistas veem crescimento de 2% nas despesas neste trimestre, impulsionado principalmente pelas despesas de pessoal, à medida que o Bradesco muda seu mix de pessoal.
Dados do Banco Central apoiam cenário de melhora
Dados do Banco Central sobre a performance de bancos brasileiros em maio corroboram perspectivas positivas para o resultado do Bradesco no segundo trimestre, avaliaram analistas em relatórios enviados a clientes nesta quinta-feira.
O banco teve em maio lucro líquido de R$ 1,567 bilhão, conforme os números do BC relatados pelos analistas.
A carteira de crédito naquele mês somou R$ 645,069 bilhões, de acordo com os dados, que não refletem necessariamente os números oficiais que serão consolidados nos balanços das instituições.
Na visão da equipe do Safra, os números dão suporte a um cenário melhor para o Bradesco no segundo trimestre. “No geral, os números foram positivos para o Bradesco em todas as frentes: lucro, volumes de crédito e qualidade dos ativos.”
De acordo com analistas do Citi, os números implicam um lucro líquido R$ 4,537 bilhões no segundo trimestre, acima das suas previsões, de R$ 4,518 bilhões. A equipe do Safra também destacou que o resultado ficaria acima de sua estimativa.
Recuperação do Bradesco?
Na visão do Itaú BBA, o Bradesco terá tendências positivas no crédito ao consumidor, levando a um ligeiro aumento do ROE, para 11%. Por outro lado, o banco pode ajustar seu próprio guidance, mas não de forma significativa.
A Genial também nota uma melhora nos resultados do banco, com destaque para o ponto de inflexão na receita de juros com clientes (NII clientes).
“Após vários trimestres com quedas sequenciais, estimamos que o banco reporte seu primeiro crescimento t/t de NII clientes, passo fundamental para que o banco retome rentabilidade de forma sustentável”, prevê.
No primeiro trimestre, já foi observado o ponto de inflexão na carteira de crédito após vários trimestres de contração, “que deve seguir uma trajetória de crescimento até o final do ano, com o banco assumindo mais risco de crédito à medida que a inadimplência continue caindo”.
A casa projeta lucro líquido de R$ 4,4 bilhões, aumento de 4,6% no trimestre, mas uma queda de 2,5% no ano. A Genial vê rentabilidade (ROE) de 10,9% (alta de 0,45 ponto percentual e queda de 0,57 ponto percentual), ainda aquém dos principais concorrentes que operam acima de 20% de ROE.
Já a XP aguarda aumento de 3,9% na carteira de crédito do banco neste trimestre, refletindo uma modesta aceleração em individual e pequenas e médias empresas em comparação com o trimestre anterior. Isso, segundo a corretora, levará o NII com clientes a subir, revertendo sua tendência de queda recente, que deve ser vista como o destaque do trimestre.
“À medida que o ano avança e novos locais têm melhor desempenho, esperamos que o banco recupere o controle sobre a inadimplência. Isso deve resultar em uma taxa de cobertura próxima a 173% (+110bps T/T). Consequentemente, prevemos que os resultados recorrentes do Bradesco sejam de 4,44 bilhões, alta de 5,5% no trimestre e um ROAE de 11%”, completa.
Com Reuters