BusinessTimes

Bradesco (BBDC4) tem pior lucro em 17 anos, ADRs desabam em NY e analista crava: ‘Show de horror’

09 fev 2023, 20:48 - atualizado em 10 fev 2023, 1:16
Bradesco
Trata-se do pior resultado trimestral do banco desde o terceiro trimestre de 2006, quando teve R$ 219 milhões de lucro (Imagem: Adriano Machado/Bloomberg News)

O Bradesco (BBDC4) divulgou o resultado no quarto trimestre 2022 bem abaixo do esperado, o que assustou investidores e analistas que acompanham a ação. Em Nova York, as ADRs (recibo de ações), negociadas no after-market, chegaram a despencar 7,17%.

Seguindo o Itaú (ITUB4), o Bradesco resolveu provisionar 100% do rombo da Americanas (AMER3). O banco era o mais exposto à varejista, com dívidas que somavam R$ 4,7 bilhões.

Entre outubro e dezembro, o Bradesco lucrou R$ 1,6 bilhão. Trata-se do pior resultado trimestral do banco desde o terceiro trimestre de 2006, quando teve R$ 219 milhões de lucro, segundo levantamento do TradeMap.

A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, lembra que se não fosse a linha de IR/CSLL (alíquota do Imposto de Renda) positiva em R$ 1,7 bi, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) teria sido negativo.

“Provavelmente, ROE vai cair mais um pouco no ano fechado (mesmo colocando a conta Americanas em 2022)”, discorre.

No trimestre, o banco encerrou o ROE anual com 13,4%, mesmo nível do primeiro trimestre de 2021.

André Fernandes, Head de Renda Variável e sócio A7 Capital, diz que o banco teria entregue um lucro líquido acima da expectativa do mercado sem o provisionamento da Americanas.

“Mas olhando as outras linhas, o resultado foi ruim, a inadimplência continua alta, e o ROE que figurava entre os melhores junto com Itaú, acabou decepcionando”, discorre.

Para ele, o Bradesco foi o mais atingido pela varejista (que entrou em recuperação judicial após rombo de R$ 20 bilhões) dentre os três grandes bancos privados. Além disso, a inadimplência continua sendo a maior dentre os seus concorrentes, ressalta.

No quarto trimestre, o índice de inadimplência foi de 4,30% ante 3,90% do trimestre anterior. “Com isso Bradesco, em comparação com Itaú e Santander (SANB11), obteve o pior resultado do 4° trimestre de 2022″.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Guidance do Bradesco

Bradesco também soltou suas projeções para 2023, informando que a provisão para devedores duvidosos (PDD) deve ficar entre R$ 36,5 bilhões e R$ 39,5 bilhões neste ano.

As cifras representam um aumento de 13% e 22%, respectivamente, sobre a PDD expandida de R$ 32,3 bilhões reportada em 2022.

O banco também espera um crescimento da carteira de crédito expandida entre 6,5% e 9,5% neste ano.