Bradesco (BBDC4) tem pior lucro em 17 anos, ADRs desabam em NY e analista crava: ‘Show de horror’
O Bradesco (BBDC4) divulgou o resultado no quarto trimestre 2022 bem abaixo do esperado, o que assustou investidores e analistas que acompanham a ação. Em Nova York, as ADRs (recibo de ações), negociadas no after-market, chegaram a despencar 7,17%.
Seguindo o Itaú (ITUB4), o Bradesco resolveu provisionar 100% do rombo da Americanas (AMER3). O banco era o mais exposto à varejista, com dívidas que somavam R$ 4,7 bilhões.
Entre outubro e dezembro, o Bradesco lucrou R$ 1,6 bilhão. Trata-se do pior resultado trimestral do banco desde o terceiro trimestre de 2006, quando teve R$ 219 milhões de lucro, segundo levantamento do TradeMap.
A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, lembra que se não fosse a linha de IR/CSLL (alíquota do Imposto de Renda) positiva em R$ 1,7 bi, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) teria sido negativo.
“Provavelmente, ROE vai cair mais um pouco no ano fechado (mesmo colocando a conta Americanas em 2022)”, discorre.
No trimestre, o banco encerrou o ROE anual com 13,4%, mesmo nível do primeiro trimestre de 2021.
André Fernandes, Head de Renda Variável e sócio A7 Capital, diz que o banco teria entregue um lucro líquido acima da expectativa do mercado sem o provisionamento da Americanas.
“Mas olhando as outras linhas, o resultado foi ruim, a inadimplência continua alta, e o ROE que figurava entre os melhores junto com Itaú, acabou decepcionando”, discorre.
Para ele, o Bradesco foi o mais atingido pela varejista (que entrou em recuperação judicial após rombo de R$ 20 bilhões) dentre os três grandes bancos privados. Além disso, a inadimplência continua sendo a maior dentre os seus concorrentes, ressalta.
No quarto trimestre, o índice de inadimplência foi de 4,30% ante 3,90% do trimestre anterior. “Com isso Bradesco, em comparação com Itaú e Santander (SANB11), obteve o pior resultado do 4° trimestre de 2022″.
Guidance do Bradesco
O Bradesco também soltou suas projeções para 2023, informando que a provisão para devedores duvidosos (PDD) deve ficar entre R$ 36,5 bilhões e R$ 39,5 bilhões neste ano.
As cifras representam um aumento de 13% e 22%, respectivamente, sobre a PDD expandida de R$ 32,3 bilhões reportada em 2022.
O banco também espera um crescimento da carteira de crédito expandida entre 6,5% e 9,5% neste ano.