Bradesco (BBDC4): Resultado teria sido ruim mesmo sem Americanas (AMER3), diz analista
A perda de rentabilidade do Bradesco (BBDC4) no quarto trimestre de 2022 (4T22) foi impulsionada, principalmente pelo efeito Americanas, afirma a analista Larissa Quaresma, da Empiricus. O banco entregou um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão, com retorno sobre patrimônio de 4%.
Segundo a analista, mesmo excluindo o baque da companhia de e-commerce, os resultados do Bradesco ainda teriam sido “decepcionantes”.
Quaresma destaca que, mais uma vez, a inadimplência foi a “vilã do resultado”, sendo as Americanas o principal ofensor.
Assim como o Itaú (ITUB4), o Bradesco provisionou 100% da exposição à varejista, de R$ 4,9 bilhões, como perda de crédito. “Isso teve um grande impacto na despesa de inadimplência do trimestre, que mais que dobrou contra o tri anterior”, diz a analista.
O índice de inadimplência de 90 dias ficou 0,4 ponto percentual acima do terceiro trimestre e 1,5 ponto percentual no ano. Expluindo a Americanas, Quaresma explica que a linha ainda teria piorado em 38% em função da deterioração dos índices de atraso de mais de 90 dias.
A piora nas dívidas veio, principalmente, dos segmentos de pessoa física — aumento de 0,4 pontos percentuais (p.p.) — e pequenas e médias empresas — alta de 0,8p.p.
Segundo os executivos do banco, os calotes devem continuar piorando ao longo de 2023, com a deterioração do varejo até meados do ano e passando a vir do atacado a partir do segundo semestre.
Para este ano, o cenário traçado pela companhia “não parece muito animador”. A analista da Empiricus diz que, ao que tudo indica, os resultados continuarão a se deteriorar, mesmo que o efeito Americanas já tenha ficado para trás.
Em função do valuation já depreciado, contudo, a casa de análises mantém uma visão neutra para BBDC4.
Qual banco sofreu mais com o “caso Americanas”?
Na análise de Quaresma, da Empiricus, o Bradesco foi quem mais sofreu com o “caso Americanas”.
Entre os bancos que já reportaram os números do quarto trimestre, o Bradesco é o que tem a maior exposição nominal, além de ter provisionado 100% da dívida da varejista no trimestre.
A dívida estimada da Americanas com o Bradesco é de R$ 4,5 bilhões, enquanto com o Itaú e o Santander é de R$ 2,7 bilhões e R$ 3,6 bilhões, respectivamente, segundo a lista de credores entregue à Justiça.
Além disso, a analista explica que o banco sentiu mais o baque porque não se apropriou de provisões antigas, assim como fez o Itaú.
A decisão do Itaú foi considerada como “acertada” por Quaresma, já que “zera a perda e permite ao investidor olhar adiante”.
“Foram R$ 4,9 bilhões na ‘cabeça’ do Bradesco, muito pesado”, diz.