Bradesco (BBDC4) precisará de ‘forcinha’ de Campos Neto se quiser respirar
O Bradesco (BBDC4) já viu dias melhores na bolsa, com resultados afetados pela inadimplência, piorado pelo caso Americanas (AMER3). É difícil encontrar analista que sustente o otimismo com papel.
Nesta terça-feira, o Credit Suisse rebaixou o preço-alvo do papel de R$ 16 para R$ 15, potencial de alta de 15% ante o último fechamento. A recomendação é de venda.
Segundo os analistas Marcelo Telles e Daniel Vaz, o retorno é pouco para um papel arriscado.
“Vemos o segmento com potencial de crescimento limitado, dada a atividade moderada dos mercados de capitais e maior percepção de risco, refletida por títulos corporativos e spreads crescentes de empréstimos”, afirmam.
Além disso, lembra a dupla, o Bradesco tem a maior exposição às micro e pequenas empresas em comparação aos outros bancos, o que tem sido um sinal amarelo nos últimos resultados. Isso, segundo eles, deve continuar a rebaixar a qualidade de ativos em uma perspectiva de taxa de juros mais alta.
Telles e Vaz calculam que a ação do banco negocie a 7,0x P/L (preço sobre o lucro) de 2023 (0,81x P/B) e 5,5x P/L 2024 (0,75x P/B),” sendo que este último implica um pequeno desconto de 6% P/L para o Itaú Unibanco (ITUB4), que consideramos pouco atraentes”.
Projeções rebaixadas
O Credit também rebaixou as projeções para acomodar o guidance de 2023, somado à expectativa de crescimento tímido da margem de lucro dos clientes diante de uma possível mudança de mix para empréstimos com garantia no varejo.
“Vale ressaltar que a receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês) pode ser impactada caso o Bradesco deixe de auferir receitas de juros da Americanas, uma vez que a varejista entrou em recuperação judicial“, coloca.
Ao todo, o Bradesco provisionou quase R$ 5 bilhões por exposição à varejista. O banco foi um dos mais afetados pelo rombo da empresa.
Dessa forma, o Credit vê lucro de R$ 18,8 bilhões para o banco em 2023, antes em R$ 23 bilhões, “implicando um ROE (retorno sobre o capital) medíocre de 12%”.
Para 2024, o Bradesco também deverá lucrar menos, com as projeções cortadas de R$ 29 bilhões para R$ 23,9 bilhões, e ROE de 14%.
Forcinha de Campos Neto
Segundo o Credit, para ter um cenário melhor, o Bradesco precisa torcer para cortes mais rápidos na Selic, além de um desempenho superior da qualidade dos ativos e melhoria do ambiente macroeconômico.
Na próxima quarta, o Banco Central volta a se reunir para definir a Taxa Básica de Juros (Selic). A expectativa, no entanto, é que o BC mantenha a Selic em 13,75%.
Segundo o Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, no que se refere à taxa básica de juros, a Selic prevista para 2023 foi mantida em 12,75%. Para 2024 a projeção permanece em 10%.