Bradesco (BBDC4) devolve ganhos e tomba 26% no ano; o que esperar?
O ano caminhava para ser de alívio para o Bradesco (BBDC4). Desde o terceiro trimestre de 2022, o banco vive momento turbulento na bolsa, em meio ao aumento da inadimplência e corrosão da rentabilidade, que chegou a mínima de 9,5% no terceiro trimestre de 2023.
Desde então, a instituição implementou uma série de medidas para colocar a casa em ordem, como diminuir o apetite ao risco, cortar os custos, que inclui fechar agências, e focar em ativos mais rentáveis. Os resultados apareceram com maior força no segundo trimestre, quando surpreendeu o mercado com lucro de R$ 4,7 bilhões.
Os números foram suficientes para a ação disparar 30% entre julho e setembro. Nesse período, inúmeras casas revisaram a tese e colocaram o banco como um dos favoritos para 2025.
Porém, veio o terceiro trimestre e as cifras não foram tão boas. Até houve melhora, porém não na velocidade que o mercado esperava. Para piorar, o cenário macro se deteriorou com a expectativa de juros mais alto por mais tempo. O Bradesco, por ter grande exposição em rendas mais baixas, é um dos mais afetados pela alta da Selic.
Resultado: da máxima, no dia 5 de setembro, até a última sessão, o Bradesco tombou 23% e zerou todos os ganhos do rali pós-segundo trimestre. No ano, as perdas somam 26%. A ação também está nas mínimas de 5 anos.
Veja o gráfico:
O Bradesco em 2025
Nesse cenário, o que esperar do banco no próximo ano? Em entrevistas e eventos, o CEO Marcelo Noronha tem dito que a recuperação ocorrerá ‘passo a passo’.
“A carteira de crédito cresce com equilíbrio em todos os segmentos… e com índice na inadimplência que melhora em todos os segmentos de clientes”
O executivo também afirmou ter uma perspectiva “muito boa” para o crédito da pessoa física no próximo ano. “Não sei se nesse mesmo patamar, talvez um pouco menos, mais ainda com crescimento robusto”.
Segundo o Itaú BBA, os lucros mais lentos e os riscos macroeconômicos tiraram parte do brilho da recuperação. Não que a ação seja venda. O BBA continua com recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 16, potencial de 30%.
Os analistas argumentam que o preço da ação já reflete o pessimismo do mercado, com a ação negociada a 0,8x o preço sobre o valor patrimonial e 5,6x o preço sobre o lucro.
Para o BBA, o Bradesco está fazendo a lição de casa, ao se concentrar em buscar mais retornos ajustados ao risco (e ao capital), com uma mistura de clientes mais seletiva e produtos.
Apesar disso, os analistas alertam: há pouca margem para erros em termos de crédito próprio.
“No geral, a recuperação do Bradesco ainda está em seus primeiros passos. Dados os esforços internos e a força no negócio de seguros, os resultados podem tender a subir a cada trimestre”.
Em 2025, o BBA espera ROE (retorno ao patrimônio líquido) de 13,9%, com a estimativa de R$ 23 bilhões de lucro.